terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O Chico-esperto

Era uma manhã normal nos correios. Algumas pessoas a aguardar a sua vez, dois balcões abertos com duas funcionárias com cara de quem quer ir almoçar (eram 11h30) e um balcão do Banco CTT deserto.
Enquanto aguardava a minha vez (das 5 pessoas que estavam à minha frente quando cheguei, já só faltavam 2), segurando os pesados embrulhos que ia enviar, não pude deixar de reparar no jovem que entrou. Alto, magro, entre os 15 e os 18 anos, vestido "à moda", exibia no rosto um ar de desagrado por ver ali tanta gente. Dirigiu-se ao canto oposto e olhou para o quadro das chamadas. Voltou à entrada, tirou uma senha na máquina da entrada e saiu.
Regressou uns minutos depois, o mesmo ar de quem estava no sítio errado, papel de levantamento de registo na mão junto à senha que tinha tirado e sempre a olhar para o quadro de chamada na parede.
Passado uns segundos entra uma mulher, alta, elegante, vestida de uma forma elegantemente desportiva. Vai para a parede dos livros e começa a consultar diversos livros de cozinha, que vai tirando e guardando debaixo do braço, sempre substituindo um pelo seguinte.
O rapaz vai ter com ela e mostra-lhe a senha. Senha D, de atendimento para o Banco CTT, como claramente indica a máquina de senhas. Ela sorri ... "já és tu a seguir!".
Ele volta a colocar-se na minha frente, uma mão com o papel do levantamento de registo, outra com o telemóvel.
No balcão chamam mais uma pessoa para o atendimento geral (o caso de 99% das pessoas ali presentes, pelo que tinha visto do que transportavam ou das senhas tiradas). Sinto um calor a chegar ao meu coração... sou já a seguir!
A senhora que foi chamada à minha frente despacha-se rapidamente e ouço o toque no quadro electrónico. Quando ia avançar para o balcão percebo que tinham chamado para o atendimento do Banco CTT... e surpresa, percebo que era a senha do jovem que viera depois de mim!
Não contente com a chamada pelo quadro electrónico, a funcionária reforça, em voz alta... "Senha D7 para o Banco CTT? Senha para o Banco CTT?".
O rapaz e a senhora avançam para o balcão, papel de registo na mão.
"Eu sou a senha D7, mas não é para o banco, é para levantar este registo!" Diz o rapaz, com o ar mais natural do mundo.
A funcionária, muito solícita, indica que "A senha que tirou não é para atendimento CTT, está lá marcado que é para o Banco CTT.". Mas enquanto indica isto retira o papel do registo da mão do jovem e prepara-se para ... o tratar.
Prossegue "Da próxima vez tem de tirar a senha A, que é a senha de atendimento geral".
O rapaz (e a senhora) não dizem nada, com  um pequeno sorriso nos lábios, enquanto observam a funcionária a levantar-se para ir procurar o registo.
Senti-me a ferver por dentro, com ele, mas acima de tudo com a funcionária, pois pelos vistos o sistema deles não funciona por ordem de chegada das senhas mas segundo algum critério subjectivo em que vão chamando os diferentes tipos de atendimento, independentemente de o atendimento ser no mesmo balcão e haver pessoas que chegaram muito antes...
Saltei para a frente do balcão e afirmei que,se era para atendimento normal, eu estava lá muito antes do rapaz!!!
A funcionária ainda olhou para mim com ar de dúvida, mas eu não vacilei e coloquei os embrulhos em cima do balcão, assegurando-me que todos percebiam que iria ser atendida pela ordem de chegada e não por alguma senha erradamente tirada que daria prioridade indevida.
Nesse momento a senhora diz-lhe, com ar paternalista... (ou será maternalista?) para me deixar passar "porque já aqui estava quando entraste". Imagino que com o meu tamanho e mesmo ao pé da porta fosse difícil não darem por mim.
Enquanto estou a tratar dos meus envios consigo ouvi-la, a dizer em voz alta "A seguir és tu filho, que só aqui estava esta senhora quando entraste!", ao que ele responde, com um ar (e tom) de gozo que é impossível descrever "Eu vi que dizia levantamentos, por isso escolhi tirar esta senha"
Podia ter ficado calada, ignorado, mas foi mais forte que eu... no mesmo tom disse "Quando o seu filho entrou estavam aqui outras pessoas, mas isso, honestamente, será problema para elas resolverem. Da minha parte está tratado e sou atendida na minha vez".
Paguei e saí, seguida pelo olhar altivo daquele duo de mãe e filho que se achavam no direito de passar à frente de todos os que estavam à espera.

NOTA: Na máquina estavam assinaladas 5 opções. CTT atendimento Geral, CTT algo,... CTT algo.... BANCO CTT Levantamentos e depósitos em espécie, BANCO CTT algo....
O pobre rapaz coitado não sabia bem a diferença entre BANCO e CTT, nem que levantamentos em espécie não são levantamentos de registos... e depois o burro sou eu!!!

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

2018: 1/365

Mais um ano, mais uma tentativa de fazer este blog retomar a vida normal.
Já pensei deixar este e começar outro, já pensei deixar mesmo de escrever, mas a verdade é que apesar da falta de tempo as palavras estão cá dentro.
Preciso de encontrar a cabeça, o coração e a forma "bonita" de fazer sair as palavras de uma forma clara e compreensível.
Vamos ver se desta consigo.

Primeiro dia de 2018. Deveria ser dia de novos desafios, de começar o ano com objectivos claros e definidos.
É o dia de todos os começos... mas fiel a mim própria, nem pensei nisso.
Confesso que o final do ano de 2017 foi muito cansativo, que a pressão dos próximos 6 meses (cruciais nesta fase da vida) se faz sentir, mas se não consegui sequer pensar em balanços, para que iria pensar em objectivos?
O meu balanço de 2017 é positivo e estou muito grata por ele e pelo que pude crescer. Consegui lutar para sair do buraco, consegui estudar e conhecer pessoas fantásticas que me ajudam a crescer e melhorar, consegui estar mais para a minha filha, mesmo com ainda tenha de trabalhar muito para conseguir desligar e estar com ela a 100%, consegui novos desafios e mesmo com tudo o que o ano teve de mau, o saldo é muito positivo.
O ano de 2018 começou como gostamos as duas... com uma passagem de ano junto de amigos muito especiais (a primeira da miss fora de casa), com um acordar tarde e vagaroso, com brincadeira com legos e muitos carinhos, miminhos e filmes animados!
Nem saímos de casa, não despimos os pijamas e no entanto o dia foi perfeito!
Amanhã retomamos o ritmo normal, até porque há trabalhos de casa por fazer, rotinas a retomar e, porque não, objectivos a definir para este ano (para além dos que a miss definiu na passagem de ano, comendo orgulhosamente as 12 passas e 12 pedaços de romã - que a mamã ganhe o euromilhões e arranje só um trabalho)
Feliz 2018!

segunda-feira, 12 de junho de 2017

163/365 - Inquéritos telefónicos - é preciso muita paciência!

Ohhh páááá.. uma pessoa até quer ajudar as pessoas dos inquéritos telefónicos, até porque já fez parte desse universo, mas elas fazem com que seja muito complicado!
Hoje ligaram-me de uma dessas empresas e depois de quase 30 minutos (??!!) de inquérito telefónico tenho de ressaltar (entre tantos outros):
1 - Passam o tempo todo a dar risinhos com as respostas que damos
2 - Depois de dizermos que não usamos determinados serviços, colocam inúmeras questões de classificação sobre esses mesmos serviços (que não usamos!!!)
3 - Como não encontram a localização do ponto que indicamos, colocam uma qualquer, só para avançar no questionário.... e dizem isso mesmo (ouve-se todas as conversas paralelas)! De referir que o questionário era de avaliação de serviços de pontos específicos
4 - Ao ouvir a nossa idade (47), perguntam se moramos com os pais?!!!
Foram tantas imbecilidades ao longo do questionário, tantas pausas para ir fazer perguntas... que temo pelo futuro da rapariga (ou da empresa de inquéritos...)

domingo, 11 de junho de 2017

162/365 - Os KOABOCA

Não sabem o que são KOABOCAS???
Eu explico:
Hoje fomos com uns amigos para uma praia deserta, na zona de Setúbal.
Enquanto passeava com os amiguinhos, passámos por um pequeno riacho onde havia aqueles peixinhos pequenos (minúsculos) e transparentes que passeiam nas praias.
A pequena miss conseguiu apanhar um (penso que já devia ter acabado o seu ciclo de vida) e veio toda contente mostrar a mão onde ele "descansava".
- Mamã, mamã, apanhei um peixe! Como se chama este peixe?
A mamã, num momento brilhante (como sempre):
- Com a boca!
- Koaboaca?
- Então, quando queres chamar alguma coisa o que usas? A boca, certo? Tu perguntaste à mamã como se chamava o peixe e eu disse-te que era com a boca.
- Ahhhh, olhem que giro que é o meu KOABOCA!!!
Não consegui parar de rir (para dentro, claro).
Passado um pouco vem ter comigo a chorar... tinha deixado cair o peixinho na água e não o encontrava.
- Mamã, o KOABOCA morreu.... e eu não o encontro!!!
Sem rir (vá, há que mostrar respeito pela morte), lá lhe disse:
- Filhota, ele foi para o céu dos peixinhos. O que lhe podemos fazer é organizar um funeral e rezar por ele.
Eça não parava de chorar (o cansaço de acordar muito cedo e da viagem e dia na praia ajudavam)...
- Eu não quero um funeral... Nem sei o que isso é.... Eu quero o KOABOCA!!!
E foi assim a tarde toda... ela e os 3 amigos passaram a tarde a pedir para ir passear outra vez no riacho, porque queriam tentar apanhar KOABOCAS!
Já sabem, quando estiverem na praia e virem passar aqueles cardumes de peixes pequeninos, não se esqueçam que são KOABOCAS!

quarta-feira, 31 de maio de 2017

151/365 - Diz que hoje é Dia dos Irmãos

Estes são os meus.
Mesmo não falando com eles, estarão sempre no meu coração, pois são e serão sempre... os meus irmãos!!!

Parabéns Vovó


Hoje fazes 97 anos !!!

Muitos parabéns avó, tenho a certeza que a festa aí em cima está ao rubro e o sol brilhou ainda mais iluminado pelo teu sorriso e gargalhadas!


Um beijo enorme da tua neta (e bisneta) que nunca te esquecem!
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