sexta-feira, 14 de março de 2008

Cartas

Ontem decidi continuar a arrumar os meus papeis, dar-lhes alguma ordem, deitar fora o excesso de papelada que sempre tive tendência para guardar.

E o que fui arrumar?
Toda a correspondência dos meus 38 anos, que estava espalhada por quase uma dezena de pequenas caixas.

E que boas recordações me trouxeram todas aquelas cartas, postais, pequenas mensagens!

Recordei o quanto a minha família me amava e sentia a minha falta quando estava ausente, o quanto signifiquei para as pessoas com quem trabalhei, a quem treinei, para colegas de equipa, pessoas que cruzaram o meu caminho de uma forma ou de outra, "pen pals" (será que hoje em dia alguém sabe o que isso é?) e, acima de tudo, o amor que os meus namorados e apaixonados sentiram por mim.

Hoje em dia já não se escrevem cartas... envia-se um sms, telefona-se... no melhor dos casos um e-mail!

Mas... vamos ser sinceros... 20 anos depois quem se vai emocionar a pensar num telefonema? Quem vai ter os sms para ler? Mesmo os e-mails... quem os vai reler?
Um e-mail faz com que a pessoa que o recebe diga... já leio. Ou leia em diagonal.
Nada substitui o toque do papel (de carta normal, com imagens, fino, grosso, uma folha de um caderno, um guardanapo de um restaurante, um pedaço de papel rasgado de algum sítio, ...), as palavras impressas (para quem gosta de enviar cartas dactilografadas) ou mesmo a letra da pessoa (redonda, estilizada, mudando a cada página que vai escrevendo, ...), a caneta que usou, as palavras corrigidas a tinta, o cheiro na carta, ...

Já não há aquela emoção de receber um postal escrito à pressa numas férias ou numa deslocação profissional, só para dizer à outra pessoa que estávamos a pensar nela e que temos saudades.
A emoção de receber uma carta ou um pequeno recado, escrita no papel do hotel, dizendo "Tenho saudades tuas. Não é a mesma coisa sem estares aqui. Penso em ti. Amo-te muito".

Tenho a noção (no meu idealismo) que vivemos num mundo em mudança, em que tudo é feito a correr e já não se pensa nestas coisas.

Mas acreditem... vale a pena parar um pouco, agarrar num pedaço de papel (carta, guardanapo, ... qualquer coisa), num postal, ... e parar para escrever para as pessoas que são especiais para nós.

É uma alegria e um prazer enorme abrir a caixa do correio e encontrar uma carta de um amigo, apaixonado, familiar.
E uma alegria que vai durar toda a vida, pois dentro de 20 anos (como estava a fazer ontem), podemos encontrar aquela carta e reviver esses momentos com carinho e ternura, relembrar aquela pessoa, aquele tempo, o que vivemos, e pensar

FUI AMADA(O)! FUI ESPECIAL!

E só este pequeno facto, a quantidade de cartas que recebemos, de postais, de notas, recados, etc... vai fazer com que se perceba

NÃO FUI... SOU ESPECIAL!!!

Pensem nisto e, da próxima vez que pensarem em escrever um mail, enviar um sms... - peguem numa caneta e escrevam uma carta.

Vão transmitir a mesma mensagem, mas com muito mais significado para quem a vai receber. E que vai perdurar toda a vida.

1 comentário:

Leticia disse...

eu sou daquelas pessoas que ainda manda cartas, cartao postal , cartao de natal.. adoro receber cartas, concordo qdo diz .. o cheiro e o toque do papel.. as palavras tem mto mais importancia..

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