Este ano será um dia da mãe especial, diferente, nostálgico, mesmo triste - diferente....
Tudo isto porque a minha avó, elemento fundamental e sempre presente nas celebrações do dia da mãe (desde que me lembro), este ano está bastante doente, fragiliazada e.... num lar!!!
E já para não falar que este ano, o dia da mãe calhou exactamente no mesmo dia em que o meu avô, se fosse vivo, faria 96 anos (morreu em 1997)!!!!
É uma coisa que me custa muito, e que custa muito à minha madrinha e mãe... e imagino que custe aos restantes elementos da família.
Sempre foi uma pessoa lutadora, que encarou e venceu inúmeros desafios na vida... mas que desde Janeiro abateu, perdeu a vontade de combater, a energia de viver...
Em Janeiro teve uma micro-fractura numa vértebra e ficou impossibilitada de viver na casa onde viveu nos últimos anos da sua vida (30 anos), onde o meu avô morreu, a casa que mobilaram e arranjaram ao gosto deles e onde ela se sentia bem, rodeada das suas recordações e lembranças.
Mas com o seu agravamento de saúde em Janeiro tornou-se impossível viver sozinha na sua casa - impossível subir os 3 andares (sem elevador), impossível estar sem assistência ou sem apoio especializado (com risco de fracturar a coluna), impossível pensar em fazer as lides da casa sem assistência.
Foi para casa da minha madrinha, onde esteve durante dois meses a ser assistida em tudo pelo genro (médico) e pela filha (que estava, nessa altura, a lutar contra uma reincidência de cancro e a meio dos tratamentos de quimioterapia), com o apoio da minha mãe e o meu (sempre que possível), por forma a que não estivesse sozinha e se sentisse bem e acompanhada!
Mas a sua situação piorava e tornava-se impossível e insustentável permanecer na casa da minha madrinha - pelo feitio dela (que é muito próprio e que a idade não ajuda a "suavizar"), pela implicância de sempre com o meu tio, pelo seu sofrimento em estar mal, em saber que precisava de assistência e sentir que estava a sobrecarregar a minha madrinha que estava muito frágil.
Foi quando chegou o momento que nunca pensei que viesse a acontecer (ou pelo menos tão cedo) - aquele em que ela, para aliviar o sofrimento da minha madrinha e permitir que ela ganhasse forças e energias para recuperar da sua doença....decidiu que tinha de ir para um lar, onde poderia ser cuidada e tratada.
E aí a minha vida, da forma como a vivi, voltou a mudar.
Sei que poderia estar mais presente, dar mais assistência, mas 350km e trabalho 7/7 são difíceis de conciliar com visitas mais frequentes - assumo isso.
Depois da decisão, comunicada aos filhos, de ingressar no lar, o processo foi relativamente simples, graças aos bons contactos do meu tio e mesmo aos dela (por ter ingressado num lar católico).
Mas não consigo deixar de estar triste, não só por a saber (e ver) num lar, como pelas condições em que está - num quarto pequenino, em que nem pode ter quadros ou prateleiras nas paredes, com um micro-roupeiro e uma cómoda como únicos espaços para ter as suas fotos e "bugigangas", uma pequena camilha e uma cadeira, com uma cama de solteiro.
A minha avó que sempre adorou as suas plantas, não pode ter plantas.
Que sempre adorou as suas pequenas bugigangas e prendas dos netos e amigos, os "milhares" de fotos da família... vê-se confinada a este espaço.
E com a sua doença (osteoporose muito avançada) não pode fazer esforços, tem medo de andar sozinha na rua (pouco antes de ter esta crise nas costas tinha caído na rua e andou quase um mês com um olho completamente negro e com bastantes mazelas, e antes tinha caído em casa e "esmagado" um aquecedor e batido com a cabeça....) e acaba por estar muito confinada ao quarto e ao espaço do lar.
Se não fosse pela presença da minha madrinha, que a vai visitar e buscar para sair, da minha mãe, que vem quase todos os fins de semana para a ver e estar com ela, ou mesmo minha (em muitos fins-de-semana)... aquela senhora independente e forte estava confinada a acordar, comer, descansar, comer, dormir, comer, dormir!!!
Ela não tem coragem de sair sozinha, quase não come no lar (está tão magra!!!)... e apesar de ter bastantes visitas das suas amigas freiras e alguns amigos de longa data... nota-se que sente a falta do seu espaço, da sua família.
Uma coisa é estar em casa, no seu espaço, e não ter a visita de todos os elementos da família e só de alguns.
Outra é estar num lar (que já por si é um espaço deprimente) e nem ter toda a família a visitar.
E com o aproximar do dia da mãe, com o aproximar do seu aniversário, do aniversário do meu avô, tudo isto me entristece e me faz viver e encarar estas datas de forma diferente!
Desde que ingressou no lar que ela se tenta convencer que foi a melhor decisão da vida dela... e que insiste em que se desfaça a casa dela, aquela onde viveu anos com o meu avô e se reparta tudo pelos filhos e netos e se dê o restante às freiras.
Compreendo a sua decisão de desfazer a casa, pois não vai nunca regressar (além de ser impossível ela subir e descer aquelas escadas, ela nunca se sentiu bem com a vizinhança) e precisa da assistência e apoio que o lar pode proporcionar.
Ao início chocava-me a velocidade com que ela se queria desfazer das coisas e dar logo tudo, mas hoje em dia consigo compreender e mesmo aceitar muito melhor tudo isso!!!
Além de ser uma pessoa muito prática (para quê manter uma casa onde não se vai regressar?), ela gostava que as suas coisas fossem entregues (levadas) pelos filhos e pelos netos e que o resto fosse entregue às freiras que sempre a apoiaram ao longo dos anos (pois sempre viveu para e em função da sua religião/religiosidade) - E assim, o dinheiro que vai poupar na renda serve para pagar os tratamentos de fisioterapia a que se deve submeter regularmente para as dores intensas que tem nas costas.
Mas nem isto conseguiu reunir a família!!!
Porque não há tempo, não querem nada, não podem ver.... há tantos argumentos para não se visitar uma pessoa de idade que está muito só, para não se cumprir um desejo de visitar a casa onde viveu e levar consigo as recordações/artigos/objectos que se lhe foram oferecendo ao longo dos anos e que ela (por motivos logísticos) já não pode guardar....
O pior é que ela, na sua boa-vontade, é incapaz de dizer às pessoas para irem buscar as coisas que ela quer /deve fechar a casa - ela pensa mais nos outros que nela e desculpa sempre tudo e todos pela falta de tempo ou disponibilidade!
Ela prefere estar a pagar renda de uma casa vazia e desocupada, onde só estão móveis e ofertas de uma vida, esperando que filhos e netos encontrem tempo e vontade para lá passar a buscar algo que os faça recordar a avó (e o avô)....do que pedir às pessoas para irem lá para ela rapidamente, para que ela possa fechar de vez a casa e poupar esse dinheiro (que faz falta a quem vive de uma reforma).
Será egoísmo não pensar nisso?
Será comodismo não se querer deslocar a visitar uma avó (mãe) que não se sabe quantos mais anos vai estar presente na nossa vida?
Não sei... nem vou sequer julgar!
Não me compete e não tenho nenhum direito a fazê-lo!!!
Pessoalmente, e na minha postura de vida, prefiro fazer os sacrifícios que forem necessários para ver a minha avó bem e feliz (o sorriso dela quando a vou buscar ao lar, quando a levo a sair, quando lhe digo que fico com aquele objecto ou artigo da casa dela que ela queria que ficasse na família.... nada o paga)!!!
Não vou tanto como gostava, mas vou sempre que possível, o que também ajuda a aliviar a minha madrinha da "carga" de ajudar sempre a minha avó e estar sempre presente, possibilitando que também ela possa ter alguns momentos de "vida", possa ganhar energias para lutar contra o seu cancro, possa ter momentos para "namorara" com o meu tio, visitar amigos e netas!
E sendo amanhã o dia da mãe e do aniversário do meu avô, mais se reflectem em mim esta mistura de emoções.
Compreendo os meu primos que avisaram que não tinham disponibilidade para ir a casa da minha avó, mas que pediram para se colocar de lado os artigos que queriam guardar, como recordações de família ou para as suas filhas.
Mas não consigo compreender que nem se diga nada, que não se visite, que não se permita fechar uma casa.... porque não há tempo, não há.... nem sei.
Porque, quer se goste ou não, o tempo faz-se!
O tempo cria-se!
Principalmente se considerarmos que, como princípio de vida, a família deveria estar sempre em primeiro lugar - especialmente no caso dos elementos mais idosos.
Amanhã vai ser um dia da mãe/avó com os elementos femininos da família (mãe, madrinha, mana, eu, avó), mas em que a minha avó vai estar fora do lar, vai sorrir por saber que as filhas e netas já escolheram o que queriam e que os filhos da minha madrinha já pediram o que queriam e já se separou, vai receber as suas prendas e lembranças, vai ficar feliz por termos levado o que nos pediu para guardarmos e acima de tudo vai ficar feliz de estar rodeada da família.
Não quero com isto descriminar a família do meu tio (que adoro), nem dos meus primos... mas... custa-me pensar na minha avó sozinha nas datas especiais (especialmente nos últimos anos de vida) como o dia da mãe ou o dia de anos.
Custa-me saber que as disputas familiares, os problemas pessoais e profissionais, a falta de tempo, a ordem de prioridades.... vários aspectos se coloquem à frente da felicidade e bem-estar da pessoa mais idosa da família.
Que haja tanta coisa mais importante do que dar algum tempo para garantir o bem-estar e alegria da avó, que não se consiga arranjar tempo para visitar uma casa e poder dizer " já pode dizer às freiras para levarem tudo, para assim se fechar a casa e poder poupar a renda", que se pense que um telefonema substitui um beijo, um passeio, uma companhia.....
E por isso... o dia da mãe será triste e nostálgico, mas com o lado MUITO bom de ver a alegria nos olhos da minha avó quando a for buscar ao lar, quando vir as filhas, netas e genro (a família possível) que querem /podem/tentam celebrar com ela o dia da mãe... quando souber que já quase toda a sua família tem uma recordação das coisas que guardava em casa - e o prazer de não passar sozinha o dia que seria o aniversário do meu avô, o homem com quem esteve casada mais de 55 anos (57?)
Só gostava... sinceramente.... que se conseguissem colocar todas as divergências de lado e se conseguisse reunir toda a família para uma MEGA FESTA de aniversário para ela!
Sei que é impossível, e quando o tentei o ano passado só consegui arranjar problemas e discussões.... mas não custa sonhar, pois não?
Tinha sonhado que ela ia regressar a casa e ficar no seu cantinho, com as suas coisas - não aconteceu e não vai acontecer, porque ela quer mesmo fechar a casa o mais depressa possível.
Tinha sonhado que num fim de semana se reunia a família e cada um levava o que queria, gostava, precisava, tinha oferecido, e ela podia dar o resto e fechar a casa... não aconteceu!
Será que algum dia um dos meus sonhos para a minha avo e o seu bem-estar e felicidade se vai realizar?
Espero que sim, pois ela merece ser acarinhada e acompanhada nos seus últimos anos, especialmente quando está... num lar!!!
Tudo isto porque a minha avó, elemento fundamental e sempre presente nas celebrações do dia da mãe (desde que me lembro), este ano está bastante doente, fragiliazada e.... num lar!!!
E já para não falar que este ano, o dia da mãe calhou exactamente no mesmo dia em que o meu avô, se fosse vivo, faria 96 anos (morreu em 1997)!!!!
É uma coisa que me custa muito, e que custa muito à minha madrinha e mãe... e imagino que custe aos restantes elementos da família.
Sempre foi uma pessoa lutadora, que encarou e venceu inúmeros desafios na vida... mas que desde Janeiro abateu, perdeu a vontade de combater, a energia de viver...
Em Janeiro teve uma micro-fractura numa vértebra e ficou impossibilitada de viver na casa onde viveu nos últimos anos da sua vida (30 anos), onde o meu avô morreu, a casa que mobilaram e arranjaram ao gosto deles e onde ela se sentia bem, rodeada das suas recordações e lembranças.
Mas com o seu agravamento de saúde em Janeiro tornou-se impossível viver sozinha na sua casa - impossível subir os 3 andares (sem elevador), impossível estar sem assistência ou sem apoio especializado (com risco de fracturar a coluna), impossível pensar em fazer as lides da casa sem assistência.
Foi para casa da minha madrinha, onde esteve durante dois meses a ser assistida em tudo pelo genro (médico) e pela filha (que estava, nessa altura, a lutar contra uma reincidência de cancro e a meio dos tratamentos de quimioterapia), com o apoio da minha mãe e o meu (sempre que possível), por forma a que não estivesse sozinha e se sentisse bem e acompanhada!
Mas a sua situação piorava e tornava-se impossível e insustentável permanecer na casa da minha madrinha - pelo feitio dela (que é muito próprio e que a idade não ajuda a "suavizar"), pela implicância de sempre com o meu tio, pelo seu sofrimento em estar mal, em saber que precisava de assistência e sentir que estava a sobrecarregar a minha madrinha que estava muito frágil.
Foi quando chegou o momento que nunca pensei que viesse a acontecer (ou pelo menos tão cedo) - aquele em que ela, para aliviar o sofrimento da minha madrinha e permitir que ela ganhasse forças e energias para recuperar da sua doença....decidiu que tinha de ir para um lar, onde poderia ser cuidada e tratada.
E aí a minha vida, da forma como a vivi, voltou a mudar.
Sei que poderia estar mais presente, dar mais assistência, mas 350km e trabalho 7/7 são difíceis de conciliar com visitas mais frequentes - assumo isso.
Depois da decisão, comunicada aos filhos, de ingressar no lar, o processo foi relativamente simples, graças aos bons contactos do meu tio e mesmo aos dela (por ter ingressado num lar católico).
Mas não consigo deixar de estar triste, não só por a saber (e ver) num lar, como pelas condições em que está - num quarto pequenino, em que nem pode ter quadros ou prateleiras nas paredes, com um micro-roupeiro e uma cómoda como únicos espaços para ter as suas fotos e "bugigangas", uma pequena camilha e uma cadeira, com uma cama de solteiro.
A minha avó que sempre adorou as suas plantas, não pode ter plantas.
Que sempre adorou as suas pequenas bugigangas e prendas dos netos e amigos, os "milhares" de fotos da família... vê-se confinada a este espaço.
E com a sua doença (osteoporose muito avançada) não pode fazer esforços, tem medo de andar sozinha na rua (pouco antes de ter esta crise nas costas tinha caído na rua e andou quase um mês com um olho completamente negro e com bastantes mazelas, e antes tinha caído em casa e "esmagado" um aquecedor e batido com a cabeça....) e acaba por estar muito confinada ao quarto e ao espaço do lar.
Se não fosse pela presença da minha madrinha, que a vai visitar e buscar para sair, da minha mãe, que vem quase todos os fins de semana para a ver e estar com ela, ou mesmo minha (em muitos fins-de-semana)... aquela senhora independente e forte estava confinada a acordar, comer, descansar, comer, dormir, comer, dormir!!!
Ela não tem coragem de sair sozinha, quase não come no lar (está tão magra!!!)... e apesar de ter bastantes visitas das suas amigas freiras e alguns amigos de longa data... nota-se que sente a falta do seu espaço, da sua família.
Uma coisa é estar em casa, no seu espaço, e não ter a visita de todos os elementos da família e só de alguns.
Outra é estar num lar (que já por si é um espaço deprimente) e nem ter toda a família a visitar.
E com o aproximar do dia da mãe, com o aproximar do seu aniversário, do aniversário do meu avô, tudo isto me entristece e me faz viver e encarar estas datas de forma diferente!
Desde que ingressou no lar que ela se tenta convencer que foi a melhor decisão da vida dela... e que insiste em que se desfaça a casa dela, aquela onde viveu anos com o meu avô e se reparta tudo pelos filhos e netos e se dê o restante às freiras.
Compreendo a sua decisão de desfazer a casa, pois não vai nunca regressar (além de ser impossível ela subir e descer aquelas escadas, ela nunca se sentiu bem com a vizinhança) e precisa da assistência e apoio que o lar pode proporcionar.
Ao início chocava-me a velocidade com que ela se queria desfazer das coisas e dar logo tudo, mas hoje em dia consigo compreender e mesmo aceitar muito melhor tudo isso!!!
Além de ser uma pessoa muito prática (para quê manter uma casa onde não se vai regressar?), ela gostava que as suas coisas fossem entregues (levadas) pelos filhos e pelos netos e que o resto fosse entregue às freiras que sempre a apoiaram ao longo dos anos (pois sempre viveu para e em função da sua religião/religiosidade) - E assim, o dinheiro que vai poupar na renda serve para pagar os tratamentos de fisioterapia a que se deve submeter regularmente para as dores intensas que tem nas costas.
Mas nem isto conseguiu reunir a família!!!
Porque não há tempo, não querem nada, não podem ver.... há tantos argumentos para não se visitar uma pessoa de idade que está muito só, para não se cumprir um desejo de visitar a casa onde viveu e levar consigo as recordações/artigos/objectos que se lhe foram oferecendo ao longo dos anos e que ela (por motivos logísticos) já não pode guardar....
O pior é que ela, na sua boa-vontade, é incapaz de dizer às pessoas para irem buscar as coisas que ela quer /deve fechar a casa - ela pensa mais nos outros que nela e desculpa sempre tudo e todos pela falta de tempo ou disponibilidade!
Ela prefere estar a pagar renda de uma casa vazia e desocupada, onde só estão móveis e ofertas de uma vida, esperando que filhos e netos encontrem tempo e vontade para lá passar a buscar algo que os faça recordar a avó (e o avô)....do que pedir às pessoas para irem lá para ela rapidamente, para que ela possa fechar de vez a casa e poupar esse dinheiro (que faz falta a quem vive de uma reforma).
Será egoísmo não pensar nisso?
Será comodismo não se querer deslocar a visitar uma avó (mãe) que não se sabe quantos mais anos vai estar presente na nossa vida?
Não sei... nem vou sequer julgar!
Não me compete e não tenho nenhum direito a fazê-lo!!!
Pessoalmente, e na minha postura de vida, prefiro fazer os sacrifícios que forem necessários para ver a minha avó bem e feliz (o sorriso dela quando a vou buscar ao lar, quando a levo a sair, quando lhe digo que fico com aquele objecto ou artigo da casa dela que ela queria que ficasse na família.... nada o paga)!!!
Não vou tanto como gostava, mas vou sempre que possível, o que também ajuda a aliviar a minha madrinha da "carga" de ajudar sempre a minha avó e estar sempre presente, possibilitando que também ela possa ter alguns momentos de "vida", possa ganhar energias para lutar contra o seu cancro, possa ter momentos para "namorara" com o meu tio, visitar amigos e netas!
E sendo amanhã o dia da mãe e do aniversário do meu avô, mais se reflectem em mim esta mistura de emoções.
Compreendo os meu primos que avisaram que não tinham disponibilidade para ir a casa da minha avó, mas que pediram para se colocar de lado os artigos que queriam guardar, como recordações de família ou para as suas filhas.
Mas não consigo compreender que nem se diga nada, que não se visite, que não se permita fechar uma casa.... porque não há tempo, não há.... nem sei.
Porque, quer se goste ou não, o tempo faz-se!
O tempo cria-se!
Principalmente se considerarmos que, como princípio de vida, a família deveria estar sempre em primeiro lugar - especialmente no caso dos elementos mais idosos.
Amanhã vai ser um dia da mãe/avó com os elementos femininos da família (mãe, madrinha, mana, eu, avó), mas em que a minha avó vai estar fora do lar, vai sorrir por saber que as filhas e netas já escolheram o que queriam e que os filhos da minha madrinha já pediram o que queriam e já se separou, vai receber as suas prendas e lembranças, vai ficar feliz por termos levado o que nos pediu para guardarmos e acima de tudo vai ficar feliz de estar rodeada da família.
Não quero com isto descriminar a família do meu tio (que adoro), nem dos meus primos... mas... custa-me pensar na minha avó sozinha nas datas especiais (especialmente nos últimos anos de vida) como o dia da mãe ou o dia de anos.
Custa-me saber que as disputas familiares, os problemas pessoais e profissionais, a falta de tempo, a ordem de prioridades.... vários aspectos se coloquem à frente da felicidade e bem-estar da pessoa mais idosa da família.
Que haja tanta coisa mais importante do que dar algum tempo para garantir o bem-estar e alegria da avó, que não se consiga arranjar tempo para visitar uma casa e poder dizer " já pode dizer às freiras para levarem tudo, para assim se fechar a casa e poder poupar a renda", que se pense que um telefonema substitui um beijo, um passeio, uma companhia.....
E por isso... o dia da mãe será triste e nostálgico, mas com o lado MUITO bom de ver a alegria nos olhos da minha avó quando a for buscar ao lar, quando vir as filhas, netas e genro (a família possível) que querem /podem/tentam celebrar com ela o dia da mãe... quando souber que já quase toda a sua família tem uma recordação das coisas que guardava em casa - e o prazer de não passar sozinha o dia que seria o aniversário do meu avô, o homem com quem esteve casada mais de 55 anos (57?)
Só gostava... sinceramente.... que se conseguissem colocar todas as divergências de lado e se conseguisse reunir toda a família para uma MEGA FESTA de aniversário para ela!
Sei que é impossível, e quando o tentei o ano passado só consegui arranjar problemas e discussões.... mas não custa sonhar, pois não?
Tinha sonhado que ela ia regressar a casa e ficar no seu cantinho, com as suas coisas - não aconteceu e não vai acontecer, porque ela quer mesmo fechar a casa o mais depressa possível.
Tinha sonhado que num fim de semana se reunia a família e cada um levava o que queria, gostava, precisava, tinha oferecido, e ela podia dar o resto e fechar a casa... não aconteceu!
Será que algum dia um dos meus sonhos para a minha avo e o seu bem-estar e felicidade se vai realizar?
Espero que sim, pois ela merece ser acarinhada e acompanhada nos seus últimos anos, especialmente quando está... num lar!!!
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