A semana passada foi particularmente complicada em termos de emoções.
A luta que a Nono, a filha de uma ex-colega travava contra um cancro levantava muitas emoções... muitas recordações.... e que a maternidade exacerba em qualquer mãe.
Confesso que não tinha gostado muito de trabalhar com a Vanessa, embora sempre lhe tenha reconhecido uma coisa, a fúria de viver, a alegria e o amor pela família (na altura ainda sem a sua princesa "coderosa").
A notícia da sua luta chegou como um choque, depois dos eventos pela Bia e pelo Rodrigo.
Ninguém devia passar por uma dor assim, e são tantos pais a passar.
Mas a luta deles sempre me suscitou admiração, a força que a Vanessa encontrava nas pequenas coisas, as montanhas que movia, só me faziam admirar a pessoa, a família, o amor.
E na semana passada a notícia (que a ausência de notícias na página deixava antever), na 2ª, de que o pai tinha ido de urgência para a Alemanha, deixaram logo um peso enorme e uma grande ansiedade!
E depois de muito ansiar, muitos refresh, sms com mensagens de força... veio a pior das notícias para quem fica - ela tinha finalmente partido em paz!
E aquela dor pequenina ficou sempre no meu coração.
Não porque conhecesse particularmente bem a Nono, ou fosse amiga da família.... mas porque a morte de uma criança doi fundo!
A morte de uma criança traz sempre a lembrança egoísta da morte do meu irmão (claro que em circunstância muito diferentes e não menos dolorosas).... traz sempre consigo a dor que os meus pais passaram (e passam, porque não desaparece nunca).... e algumas outras memórias dolorosas que se aprende a dominar...
Traz consigo os pensamentos pela família por aqueles irmãos... os sonhos que duram meses, anos... os sonhos que diziam que tudo era um engano, que abrimos a porta e está lá a estrelinha à porta com o sorriso de sempre...
É egoísta rever a dor pessoal na dor dos outros? Claro que sim.
Mas não consigo deixar de pensar na dor daquela família, de qualquer família que passa por uma perda assim...
Talvez porque vivi a perda de uma irmão, talvez porque saiba o que se sente (para sempre), a morte de uma criança mexe muito comigo.
E talvez porque me peçam para aceitar e sorrir, isso ainda seja mais pesado, porque me custa sorrir com isto, me custa aceitar que se lute tanto, se passe por tanto, se ganhem tantas batalhas e depois se perca a guerra....
Hoje, depois de ver tanto carinho nas homenagens feitas com tanto amor, ao ver as fotografias da Vanessa e do Jorge.... só consegui ver dor... a dor imensa de quem nunca mais vai terum abraço ou beijo "coderosa".
Aprende-se a viver com isso, aprende-se a sobreviver (até porque há outras crianças)...mas depois há algo que acorda a dor e a saudade... e voltam os sonhos durante mais uns tempos até conseguirmos voltar a esconder na caixinha do coração aquela dor.
E é verdade, olhamos ainda com mais amor para os nossos filhos, abraçamos, mimamos, porque a morte de uma criança é algo que nos une ainda mais...
Gostava de conseguir expressar mais o que vai no coração, depois desta semana dificil.... mas talvez mais tarde consiga.
Pode ser o cansaço que exacerba as emoções e os sentimento, pode ser a dor tantos anos recalcada que procura qualquer desculpa para sair, pode ser por ela ser pouco mais velha que a minha filha e ser a filha de alguém que foi próximo.... mas não tem sido fácil gerir as emoções...
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