segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Amor

À minha volta formam-se e desfazem-se casais... e outros que se deviam desfazer não desfazem pelos mais diversos motivos.
Mas, será do Verão, dos casos que vou conhecendo, deste faz/desfaz casal/relação a dois... só me apetece pensar em amor e na vida a dois, o que me leva a reflectir sobre o que aqui transcrevi há uns dias sobre amor e qual a minha opinião sobre as reflexões de grandes pensadores então escritas.
A primeira coisa que eu tenho de concordar a 100% é com o pensamento que diz que "Amor não é olharem um para o outro mas sim olharem ambos na mesma direcção".
Quantos casais conheço que se separaram porque uma das partes achou que a outra parte deixou de olhar para ela e decidiu olhar em frente... tendo então concluído que não olhavam na mesma direcção!
Não se pode viver uma relação a dois esperando que a outra pessoa viva para nós!!!
Isso não é amor, é egoísmo. E nota-se que, se a outra pessoa decide seguir em frente, existe uma ruptura, pois o "egoísta" acha que o outro está a colocar os seus desejos em frente dos sentimentos que devia nutrir por ele e sente-se desprezado, relegado para segundo plano, não aceitando que numa relação a dois é mais importante o objectivo comum do que o objectivo individual...
Concordo parcialmente com o que diz J. L. Lorda, pois se acredito que amar é dar, é partilhar, é entrega, também acredito que se não for uma entrega mútua deixa de ser amor e passa a ser submissão, obsessão... qualquer coisa terminada em "ssão" mas não amor.
O amor faz sacrifícios pela pessoa amada, entrega-se, dá, perdoa, ultrapassa, mas se isso só acontece unilateralmente, se só uma das partes dá, se sacrifica, perdoa, etc... como podemos chamar amor? Onde está a reciprocidade do amor?
ADORO M. Santamaría Garai!!!
Hoje em dia as pessoas usam livremente a expressão amo-te. Amo-te hoje, amanhã logo veremos. Amo-te porque és bonito, "bom", porque gostas de mim, mas se as coisas mudarem, não sei se te amo.
Amar é para sempre! Não tem data marcada, não é para hoje, amanhã, uma semana, um mês, um ano.
Quando se diz a alguém "amo-te" significa que lhe estamos a entregar a vida, a nossa pessoa, o nosso coração (e temos de assumir que a palavra em si é tão feia em português que para a usar devemos mesmo sentir). E não se entrega uma pessoa com data limite! Não se entrega o coração enquanto ele é saudável. Entrega-se para sempre!
E o que ele diz sobre entregar o corpo?
Que bonito e que correcto! Quando casamos com alguém (seja de papel passado seja pela união das almas), não há nada que melhor personifique essa união, essa partilha, essa união espiritual, do que a união física, a entrega do corpo, que personifica o culminar da entrega total.
Como podem existir casais que se dizem felizes e não partilham a sua intimidade, não entregam o corpo?
Será que um casal em que um dos elementos (ou os dois) não entregam o corpo, nem se entregam fisicamente á relação, pode ser verdadeiramente considerado um casal?
Atenção que não falo aqui de sexo, mas da entrega, na partilha, na união de dois corpos que se amam e que estão juntos nesse longo caminho que é a vida a dois.
E não consigo compreender quando assim não acontece... durante semanas, meses, anos!
Será que ainda é amor?
Ou será dependência, hábito, solidão, amizade?
Vale a pena manter?
Agora devo dizer que discordo completamente do que diz Paulo Geraldo no seu 2º pensamento!!!
O amor não é morte! Nem é morrer para mim vivendo naquele(s) que amo!E não aceito que se deva viver mal, desde que os que amo estejam bem!!!
Quem morre para ver a(s) pessoa(s) amada feliz... não ama!!! É doente!!!
Mesmo no amor de pai, que morre interiormente para que os filhos sejam felizes, não é um amor saudável, um amor benéfico, mas sim uma doença!
Pois as crianças até podem viver essa ilusão de felicidade, podem viver essa ilusão de amor parental... mas crescem e compreendem.
Pior, já pensaram se os filhos de tais pessoas vão repetir esses padrões, como é normal nos filhos?
Qual o pai que quer que o seu filho viva infeliz toda a vida para fazer feliz a sua família?
Como tal não posso, de forma nenhuma, que se aceite dizer que amor é morte, é vivermos através dos outros.
Amar exige trabalho, muitos sacrifícios, comunicação, partilha, perdão... mas a partir do momento em que temos de morrer para que o objecto amado seja feliz, meus amigos, deixa de ser amar, seja a uma outra pessoa seja aos filhos!!!
E um amor que nos exija sacrifícios dessas dimensões... deve ser repensado!!!
Um "amor" que assente na chantagem (emocional, psicológica, familiar), que assente no egoísmo, vale a pena ser vivido?
Por outro lado, aqueles que dizem que amam, mas depois fogem do amor por medo de sofrer... é porque não sabem o que é amar!
Quem ama não se preocupa se amanhã ele/ela vai deixar de gostar de mim!
Quem ama não se lembra que já foi magoado, que magoou....
Quem ama só sabe que ama, vive o seu amor, partilha a sua felicidade!
Quando se termina uma relação (ou nem se inicie uma) porque, algures no futuro, se pode vir a sofrer com o caminho que pode, eventualmente, levar... é porque não ama!!!
Pode até achar que ama, mas na verdade gosta, está bem, sente-se confortável com aquela pessoa, mas não a ama!
Se amo alguém, se ele me aquece a alma, se é a pessoa com quem quero partilhar as minhas alegrias e tristezas, se é a pessoa que quero ter em casa quando chego e ver de manhã quando acordo, então não estou a pensar se ele amanhã vai encontrar outra pessoa, se ele daqui a um ano vai trabalhar para longe!
Porque sei que amo aquela pessoa.
Dúvidas?
Todos as temos na proporção da nossa auto-estima e segurança!
E a nossa auto-estima, a nossa confiança em nós mesmos é que vai fazer com que as dúvidas e incertezas apareçam... ou desapareçam!
Mas quando amamos e somos amados, essas dúvidas desaparecem!
Já amei?
Não sei, mas espero não morrer sem ter a certeza de ter amado e de ter sido Amada (com "A" grande).

3 comentários:

O QUATORZE disse...

Boa Noite

Mais uma vez continua com bons depoimentos de grande sensibilidade.
Os amores são feitos de ilusões e realidades, responsabilidade e segurança, mas também loucura e bravura para os demais, actos que só existem em dois ser apaixonados.
Continue com os seus belos escritos.
Comprimentos
Luís

Nuvem disse...

Obrigada :)

Zé dos Anzóis disse...

Já amei?
Sim e morrerei com a certeza de ter amado e ter sido amado com um A muito muito grande.
O futuro nunca saberemos como vai ser, contudo, eu já fui um privilegiado,no entanto não vou parar de lutar por uma segunda oportunidade, imagina se não tivesse a certeza...
Beijo
Za

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