quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Miguel Esteves Cardoso, de novo no seu melhor

Gosto (muito) de algumas das coisas que escreve, especialmente quando escreve sobre amor.
Este foi mais um dos textos que descobri recentemente.

Como é que se Esquece Alguém que se Ama?  

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

Atrevo-me apenas a acrescentar, pela minha experiência de vida pessoal, que isto só é real e verdadeiro quando efectivamente se tratava de amor. Porque quando se pensa que é amor e se descobre que afinal era só interesse, atracção, sexo... algo, isto não se aplica, não se consegue sentir ou realizar ou sequer compreender.

domingo, 14 de agosto de 2011

16 meses

E, de repente, já se passaram 16 meses!
Para onde vai o tempo?
Ainda ontem andava com ela na barriga e hoje já corre a casa toda, cada dia que passa fala mais, canta (e encanta), quase come sozinha, atira-se para qualquer plano de água (lagos, piscinas, ...), adora crianças e bebés e está sempre a dar-lhes beijinhos e festinhas... enfim, cada dia é uma nova descoberta e uma nova aprendizagem ao lado dela.
Não vou voltar a repetir o quanto a amo (isso todos sabem e se vê), ou quão babada sou como mãe.
Vou só repetir que ela fez de mim uma pessoa muito melhor e espero crescer com ela, ver esta "amostra de gente" transformar-se numa adulta responsável e com os mesmo valores que a minha família sempre prezou.
A ela, a minha filha mais linda, parabéns pelos 16 meses!!!
E agora vamos só ali almoçar com a avó-madrinha e o Vô Tó (Có para a pipoca) e celebrar mais esta data.
Related Posts with Thumbnails