domingo, 27 de março de 2016

Para que perguntam se não querem ou podem ouvir a resposta certa?


- Estás bem?
Se não estivesse não estava aqui! Serve de alguma coisa pensar que não estou bem? É por não estar bem que as coisas mudam?
Não, não estou bem há muito tempo, anos mesmo, mas isso não muda nada, por isso o melhor é estar sempre bem!
É uma pergunta da praxe, mas tão ... imbecil? As pessoas esperam mesmo que vá desfiar um rol de "desgraças", dores ou algo no estilo?
Não estar bem é estar a morrer, é não ter casa, não ter família... isso é não estar bem! Agora o resto... é estar sempre bem!
E pior que a pergunta é quando responder que está tudo bem, tranquilo e tens de ouvir um "Bem... se para ti está tudo tranquilo, se achas mesmo que é assim, ainda bem!" dito com um ar de ironia ou nojo que só te apetece levantar e ir embora? Haja paciência e educação.
- Precisas de alguma coisa?
Isto é o que mais odeio!
Se eu preciso de alguma coisa tento arranjar ou peço ajuda!
Mas normalmente a pergunta vem de quem não pode ajudar. Então para que perguntar?!
Sim, preciso de ganhar o euromilhões, sim preciso de ter tempo e dinheiro para ajudar toda a gente que depende de mim (infelizmente não é só a minha filha).
Consegues fazer isso por mim? Não? Então não me perguntes se preciso de alguma coisa quando na maioria das vezes quem pergunta é quem precisa de ajuda!
- Estás com ar cansado!
Sim, obrigada, eu sei!
Experimentem ser mães solteiras, experimentem ajudar toda a gente e ficar sem dinheiro/paciência/meios para tratarem de vocês e depois venham mostrar o vosso ar!
Experimentem ter dois empregos exigentes para conseguir pagar as contas (e não são só as vossas) e logo me contam como se sentem!
Ajudam toda a gente (incluindo e especialmente financeiramente), ficam sem poupanças e mesmo assim conseguem ter energia e meios para tratarem de vocês? Parabéns! Eu infelizmente não consigo e por isso é normal que pareça cansada - é porque estou!
Estou cansada de lutar e ajudar e não ver retorno! Estou cansada de tapar o sol com a peneira, em vez de sentir que estou a ajudar a pescar! Estou cansada de "chantagens psicológicas", assédios morais e profissionais.
Vou baixar os braços?
Nem pensar, Vou continuar a sorrir, vou continuar a lutar, vou continuar a explodir as minhas finanças para dar apoio a toda a gente que precisa e a ficar sem meios para tratar de mim. Mas vou estar de consciência tranquila e vou fazer o possível para ajudar quem precisa (mesmo que seja quem se encosta e isso e não faz por sair) e por criar uma filha feliz e saudável!
É um desabafo negativo?
Talvez... às vezes a mudança traz ao de cima as coisas menos boas.
Mas a verdade é que por muito em baixo/sem paciência que possa estar, vou continuar a lutar, a estar "sempre bem" e a não precisar de ajuda de quem não a pode dar e/ou não percebe que a melhor ajuda que me podem dar é mostrarem, pelo exemplo,  que lutam por si e por estarem bem!
Não estou cansada, nem preciso de ajuda e estou sempre bem com pessoas que estão sempre bem (e não dizem isso num tom de quem está a morrer, ou com atitudes de quem está no buraco e gosta de lá chafurdar e não quer sair).
Mais que perguntar, importante é fazer!!!
Eu faço por estar bem, por conseguir os meus objectivos, por muitos percalços que a vida me coloque no caminho. E tu?
Estás bem ou vais ficar a ver a vida passar agarrado a milhares de desculpas?
Resumindo - não perguntem! Façam antes por me ajudar a estar bem!

terça-feira, 15 de março de 2016

Birras a não esquecer !1

Bem... agora parece um blog de birras... mas é para lembrar e melhorar
Ontem foi dia de Mega Birra à noite quando chegou da escola - acho que o facto de a mamã estar doente e em casa a começa a afectar.
Se há o lado bom de poder jantar e passar o fim de tarde com ela, também há o lado de agora ser a mamã a mandar fazer os trabalhos e treinar, e isso ela ODEIA
Ontem a "guerra" começou com o praticar trompete... não queria, queria ver TV.
Disse que se não queria praticar, o melhor era desistir da banda, pois não podia só praticar 1 ou 2 vezes por semana quando ia aos ensaios. Como não queria desistir e com muita brincadeira, lá veio praticar.
Mas estava completamente desconcentrada e sem vontade. 1º desligámos os desenhos da TV, mas mesmo assim não queria tocar de pé "porque o maestro não tinha dito nada disso à vovó e a vovó não sabe de nada". Tocava sentada mas desafinava todas as notas, agachou-se para tocar e ainda pior e aí percebi que não valia a pena insistir. Levantei-me para ir acabar o jantar e começou a TEMPESTADE.
Como disse "Se não queres treinar não treines, tu é que sabes. A mamã vai fazer o jantar" foi o clique para começar a sessão de gritos, bater, dar murros, cabeçadas na barriga, tudo o que lhe passava na cabeça.
Que não queria, que queria que estivesse ao pé dela, que queria ver desenhos, que .... nem sei bem o quê. mas eram gritos que deviam ser ouvidos na rua e no telhado.... NÃO, NÃO, NÃO,....
Uma das coisas que me orgulho foi de ter conseguido sempre manter a calma, não gritar nem bater.... mas ainda falta trabalhar muito nas respostas e argumentação.
Pedi para me deixar sozinha na cozinha, que ela estava a gritar muito e eu precisava de um espaço sozinha. Para ir para a sala. Claro que os NÃO continuavam e começa a puxar a manga da camisola até rasgar um pouco.
Continuava a missa - NÃO, NÃO.... vem comigo... NÃO QUERO que estejas triste... NÃO, NÃO
Expliquei que estava triste com o comportamento dela e com o estar a bater na mamã e que queria que ela fosse para a sala ou para o quarto, para longe da mamã, para a mamã não lhe bater com a colher de pau por ela estar a fazer tamanho berreiro e especialmente por estar a bater.
Não serviu de nada, continuou o berreiro.
Expliquei que se continuasse a berrar tinha de chamar a vovó para ir para casa dela, porque havia bebés e não podiam estar a ouvir aqueles berros. Ainda pior. Aumentaram os NÃOS, NÃO VOU... NÃO, NÃO, NÃO....
Finalmente consegui que fosse para a sala e respirei fundo na cozinha enquanto terminava o jantar. Fui ter com ela à sala e estava descontraída a ver TV. Expliquei que não ia ver TV, primeiro porque era hora de jantar e depois por causa das birras e do comportamento.... Nova sessão de gritos e de NÃO, QUERO TV, etc...
Começa a perguntar quando é que a avó vem e eu ligo à minha mãe. Ela começa a falar com a avó, entre muitos soluços e lágrimas,  a contar a birra... e a dizer que eu não a deixava aproximar de mim para me dar beijinhos e abraços (nunca disse que não podia).
Muitos soluços e lágrimas e começa a gritar com a avó que quer ver TV, que é "uma secaaaa!!!" estar sem TV, que quer brincar e não estar sentada no sofá sem TV (mais uma vez, não fui eu que lhe disse para estar sentada sem fazer nada, foi ela que assumiu). Mas o "dramatismo" na voz quando dizia que queria Brincar, que era tudo uma seca, era tão grande que só me dava vontade de rir.
Resumindo, quando ela conseguiu desabafar veio dar beijinhos e abraços (sem nunca pedir desculpa.... mas será que é o mais importante?) e fomos jantar. Durante o jantar ela queria TV, mas não há TV durante a semana (nova regra, brincar é sem TV) e ia explicando porque se tinha portado mal, porque adorava a mamã e que "nunca mais ia fazer birras ou dizer NÃO"...
Eu expliquei que quando ela fazia birras assim era melhor afastar-se da mamã, e assim cada uma respirava e voltava a ficar calma, e ela diz-me que não fazia mal se lhe desse uma palmada!!!
Expliquei que a mamã não gosta de dar palmadas nem de bater e por isso precisava de me afastar dos gritos. A resposta dela foi que "uma palmada de vez em quando não faz mal nenhum. Até a vovó diz isso...". Lá lhe expliquei que por mais que isso pudesse ser verdade, a mamã preferia não bater e falar para resolver as coisas - mas falar sem gritos!
Acabámos, como sempre, com beijinhos e abraços, mas esta demorou a passar, ela teve mais consequências e espero que comece a perceber que as coisas não podem ser sempre como ela quer...
Foi complicado?
Sim... porque os meus níveis de paciência andam muito em baixo
Respondi da melhor maneira?
Nem sempre. Algumas vezes não lhe consegui explicar as coisas, não consegui que cada uma tivesse o seu espaço para acalmar (ela até rasgou a minha camisola para não me afastar)
Houve pontos positivos?
Consegui não lhe bater (e houve momentos em que ela estava a bater-me e foi complicado controlar), nem gritar. Consegui explicar tudo o que sentia quando acalmou e deixar que explicasse.
Estamos no caminho para melhorar?
Acho que sim.... espero que sim...

quinta-feira, 10 de março de 2016

E em 2016 mamã?

Quase um ano passou desde a última vez que escrevi!
E ao ler o último post senti um "murro no estomago".
Não, as coisas não melhoraram, antes pelo contrário.... o trabalho aumentou e muito, a disponibilidade e o cansaço também, a desmotivação...
As zangas foram cada vez maiores e por motivos cada vez mais fúteis e sentia mesmo que me tinha afastado demais da minha filha.
Sim, depois de quase 4 anos sem lhe bater houve uma semana em que lhe dei dois estalos (bater? estalos?! dois?!!!)- e isso para mim foi a gota de água, o sinal que algo tinha de mudar! É INADMISSÍVEL bater numa criança e ainda por cima por coisas parvas e "guerras" idiotas como as que levaram a bater!
Isso e o facto de ela me mentir "para eu não me zangar", de estar sempre a pedir desculpa de TUDO, mesmo as coisas que não tinham a ver comigo, fizeram-me perceber que as prioridades na minha vida estavam invertidas!
E ter uma filha com  um feitio igualzinho ao da mãe não é fácil. Ela não dá o braço a torcer e quando entra em espiral negativa, nada a consegue demover.... e eu não estava em condições de lidar positivamente com isso.
Ok, os problemas de saúde que me levaram a ficar de baixa ajudaram a ter tempo para analisar tudo isto!
O facto de finalmente ela poder vir para casa e jantar comigo ajudou (e muito) a melhorar a nossa relação.
Ter mais tempo para ler sobre DP, para descansar (dentro do possível) fez maravilhas por uma relação que (sinto) estava à beira do abismo.
Ainda a sinto ansiosa por me agradar, mas ainda me confessa que me mentiu para eu não me zangar. Ainda rebento (ou me canso) com coisas triviais e que são sem importância, mas sei que estamos no caminho certo. Que com o apoio certo, tudo vai correr bem e vamos ser (ainda) mais felizes!
Porque na realidade a prioridade na vida não pode ser o trabalho e pagar contas (as minhas e as que tiverem de ser pagas). A prioridade na minha vida tem de ser a felicidade dela, estar bem (fisica e psicologicamente) para aproveitarmos o tempo que temos juntas!
E o facto de ter mais tempo para mim (mesmo que seja por pouco tempo) vai seguramente ajudar a reequilibrar energias, desenvolver projectos comuns e ... a ser feliz!!!
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