terça-feira, 16 de setembro de 2014

Saiu-me cá uma aldrabona esta criança....

A minha filha está naquela fase que mente descaradamente, mas é tão deliciosamente inocente que é logo apanhada ou admite logo.
Hoje de noite estava imparável.

  • EPISÓDIO 1 - EM CASA DA AVÓ
Estava a ver a lancheira e a miss não tinha comido a maça nem a 1/2 sandes mista que tinha pedido, mas tinha bebido o iogurte, comido um pouco de maça e comido o bolo de chocolate/courgete (2 quadradinhos).
Disse-lhe que não voltava a levar bolo com chocolate, para aprender a comer tudo o que pede para levar.
Responde logo:
- Mamã, aquela minha amiga da escola ADORA o teu bolo de chocolate e eu dou-lhe sempre. E ela hoje disse para eu te pedir para amanhã lhe levar uma caixinha com bolo de chocolate só para ela. Podemos levar, não podemos mamã?
A minha mãe, que estava ao lado, disse-lhe logo:
- A sério?! Amanhã quando chegar já lhe pergunto se pediu mesmo uma caixinha com bolo de chocolate!
Começa a chorar e vem a correr para me abraçar... e diz baixinho ao meu ouvido a soluçar...
- Ela não disse isso mamã, eu é que queria bolinho de chocolate!
.....
  • EPISÓDIO 2 - NO CARRO
Estavamos a falar do 1º dia de natação e dos amiguinhos novos e da aula e sai-se com esta:
- Mamã, hoje na aula todos os meninos tinham óculos! E o André (o professor) disse que eu não podia ser a única sem óculos, por isso tinha de dizer à minha mamã para na próxima vez levar óculos para eu usar!
Eu olhei para ela e só perguntei
- A sério Laia, ele disse isso???
A resposta foi rápida e no mesmo tom de voz, calmo a tranquilo
- Não mamã, era eu que estava a pensar na minha cabeça!

  • EPISÓDIO 3 - NO CARRO
Bem.... havia um episódio 3 do mesmo calibre e que me fez rir à gargalhada... mas entre tosse da criança, telefonemas da família e amigos... e com a ajuda da PDI.... já não me lembro o que era :)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Mamã, foi um "aincidente*"

Quando a fui buscar, a princesa estava louca de alegria de estar com a mamã, e cheia de energia a contar as coisas do dia.
Ultimamente anda com uma gigante paixão pelos cães de peluche a pilhas, e já conseguiu ter dois, um que tem 2 anos (e do qual ela tinha medo) e uma nova que me convenceu a comprar na feira este fim de semana (enquanto anda a "cravar" toda a gente para lhe dar mais).
E qual o nome?
A menina cor de rosa é a Safirinha (a cadela do meu pai que faleceu este verão) e o castanho é o Zorro, a grande paixão dela (o filho da Safira)
Começa a contar:
- Mamã, hoje o Zorro e a Safira deixaram de trabalhar. Estão avariados!
- Então filhota, o que se passou? Estão cansados?
- Não mamã, não estão cansados. A Safira acho que precisa de pilhas novas... mas o Zorro.... o Zorro estava muito bem a andar e foi contra um objecto!
Nisto a minha mãe começa a controlar o riso...
- Contra um objecto filha?
- Sim mamã... foi contra um objecto! Foi contra o pé da vovo!!!
O riso da avó fica quase incontrolável....
- Mas não aconteceu nada mamã... o Zorro não teve culpa, foi só um "aincidente*"!!!
E aqui a avó não se controlou mais... e ela ficou muito aborrecida a mandar calar e parar de rir :)


* Será que era acidente? Incidente? Ou apenas uma palavra nova!

domingo, 7 de setembro de 2014

Para a Nono, a Bia, o Rodrigo e tantos outros

A semana passada foi particularmente complicada em termos de emoções.
A luta que a Nono, a filha de uma ex-colega travava contra um cancro levantava muitas emoções... muitas recordações.... e que a maternidade exacerba em qualquer mãe.
Confesso que não tinha gostado muito de trabalhar com a Vanessa, embora sempre lhe tenha reconhecido uma coisa, a fúria de viver, a alegria e o amor pela família (na altura ainda sem a sua princesa "coderosa").
A notícia da sua luta chegou como um choque, depois dos eventos pela Bia e pelo Rodrigo.
Ninguém devia passar por uma dor assim, e são tantos pais a passar.
Mas a luta deles sempre me suscitou admiração, a força que a Vanessa encontrava nas pequenas coisas, as montanhas que movia, só me faziam admirar a pessoa, a família, o amor.
E na semana passada a notícia (que a ausência de notícias na página deixava antever), na 2ª, de que o pai tinha ido de urgência para a Alemanha, deixaram logo um peso enorme e uma grande ansiedade!
E depois de muito ansiar, muitos refresh, sms com mensagens de força... veio a pior das notícias para quem fica - ela tinha finalmente partido em paz!
E aquela dor pequenina ficou sempre no meu coração.
Não porque conhecesse particularmente bem a Nono, ou fosse amiga da família.... mas porque a morte de uma criança doi fundo!
A morte de uma criança traz sempre a lembrança egoísta da morte do meu irmão (claro que em circunstância muito diferentes e não menos dolorosas).... traz sempre consigo a dor que os meus pais passaram (e passam, porque não desaparece nunca).... e algumas outras memórias dolorosas que se aprende a dominar...
Traz consigo os pensamentos pela família por aqueles irmãos... os sonhos que duram meses, anos... os sonhos que diziam que tudo era um engano, que abrimos a porta e está lá a estrelinha à porta com o sorriso de sempre...
É egoísta rever a dor pessoal na dor dos outros? Claro que sim.
Mas não consigo deixar de pensar na dor daquela família, de qualquer família que passa por uma perda assim...
Talvez porque vivi a perda de uma irmão, talvez porque saiba o que se sente (para sempre), a morte de uma criança mexe muito comigo.
E talvez porque me peçam para aceitar e sorrir, isso ainda seja mais pesado, porque me custa sorrir com isto, me custa aceitar que se lute tanto, se passe por tanto, se ganhem tantas batalhas e depois se perca a guerra....
Hoje, depois de ver tanto carinho nas homenagens feitas com tanto amor, ao ver as fotografias da Vanessa e do Jorge.... só consegui ver dor... a dor imensa de quem nunca mais vai terum abraço ou beijo "coderosa".
Aprende-se a viver com isso, aprende-se a sobreviver (até porque há outras crianças)...mas depois há algo que acorda a dor e a saudade... e voltam os sonhos durante mais uns tempos até conseguirmos voltar a esconder na caixinha do coração aquela dor.
E é verdade, olhamos ainda com mais amor para os nossos filhos, abraçamos, mimamos, porque a morte de uma criança é algo que nos une ainda mais...
Gostava de conseguir expressar mais o que vai no coração, depois desta semana dificil.... mas talvez mais tarde consiga.
Pode ser o cansaço que exacerba as emoções e os sentimento, pode ser a dor tantos anos recalcada que procura qualquer desculpa para sair, pode ser por ela ser pouco mais velha que a minha filha e ser a filha de alguém que foi próximo.... mas não tem sido fácil gerir as emoções...

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