Quando o texto que abaixo transcrevo me chegou pela primeira vez às mãos pensei que fosse um exagero.
Não podia acreditar que fosse realmente assim, deviam estar a exagerar.
Infelizmente, depois da sua publicação pela autora, também eu me cruzei com algumas destas pessoas que tiraram o curso pelas Novas Oportunidades... e fiquei chocada.
Eu também estudei os anos "regulamentares", tive de fazer testes e exames, trabalhos e orais para passar de ano até ter o meu curso.
Já me parecia um pouco demais que hoje em dia qualquer pessoa que estude na Universidade fique com o grau de "licenciado" ao fim de 3 anos e possa seguir para Mestrado e doutoramento em 5 ou 6 anos de estudo universitário (eu estudei 5, a minha irmã para mestrado teve de fazer mais 2 e um trabalho e para doutoramento são mais 2, num total de 9... para não citar os restantes casos da família).
Mas ter o equivalente ao 9º ou 12º ano com 6 meses de estudo e sem ter sequer as disciplinas mínimas ou um mínimo de qualidade de ensino?
Acredito que se devem dar oportunidades ás pessoas que, por motivos seus e pessoais, não puderam completar a escolaridade mínima ou fazer o 12º ano.
Mas deveria ser feito com qualidade e não neste esquema de, fraudulentamente, criar estatísticas positivas para a Europa.
E, como disse, conheço vários casos assim...
Pessoas que só se inscreveram nas Novas Oportunidades para terem computadores e que depois, mesmo com a simplicidade do curso, não comparecem às aulas...
Pessoas que chumbaram repetidamente no ensino nocturno (que já de si é simplificado) e que depois se inscrevem nas Novas Oportunidades e, tchan tchan... passam!
Pessoas que não tem um mínimo de cultura, educação e vivência, para não falar de inteligência, organização mental, estímulos educativos, etc.... e que de repente tem o 12º ano....
Enfim... tanta e tanta gente que de repente, sem precisar de comprar a farinha Amparo, se encontra com um diploma que a muitos milhões custou anos de estudo e sacrifício...
Há que admitir que é melhor que um kinder surpresa.... inscrevemo-nos num curso e, além de podermos ter um computadorzito a preços de "feira", ainda podemos ganhar um diploma... e sem a surpresa de ter de abrir o Kinder!
Com tanta gente que precisava e queria acabar a sua escolaridade, de uma forma séria e honesta, alguém me sabe explicar como se acede às Novas Oportunidades?
Qual o critério de selecção?
Quem entra e quem não entra?
Ou, como me parece ser o caso (em função dos meus conhecidos), todos os que se inscrevem, desde que saibam assinar e escrever o nome, tem lugar nas Novas Oportunidade e a ostentar orgulhosamente um diploma de 9º ou 12º ano?
Fica o texto que me fez reflectir novamente neste assunto:
Novas Oportunidades - a ignorância certificada!
O país encontra‐se com uma taxa muito baixa de escolaridade em relação aos países da EU (União Europeia). Logo há necessidade de colmatar esta situação e, para isso foram criadas “As Novas Oportunidades”, uns cursinhos intensivos de três meses, no fim dos quais os “estudantes”(agora com o nome pomposo de formandos) obtêm o certificado de equivalência ao 9º ou 12º anos. Fantástico, se os cursinhos fossem a sério! ...Infelizmente, depois da sua publicação pela autora, também eu me cruzei com algumas destas pessoas que tiraram o curso pelas Novas Oportunidades... e fiquei chocada.
Eu também estudei os anos "regulamentares", tive de fazer testes e exames, trabalhos e orais para passar de ano até ter o meu curso.
Já me parecia um pouco demais que hoje em dia qualquer pessoa que estude na Universidade fique com o grau de "licenciado" ao fim de 3 anos e possa seguir para Mestrado e doutoramento em 5 ou 6 anos de estudo universitário (eu estudei 5, a minha irmã para mestrado teve de fazer mais 2 e um trabalho e para doutoramento são mais 2, num total de 9... para não citar os restantes casos da família).
Mas ter o equivalente ao 9º ou 12º ano com 6 meses de estudo e sem ter sequer as disciplinas mínimas ou um mínimo de qualidade de ensino?
Acredito que se devem dar oportunidades ás pessoas que, por motivos seus e pessoais, não puderam completar a escolaridade mínima ou fazer o 12º ano.
Mas deveria ser feito com qualidade e não neste esquema de, fraudulentamente, criar estatísticas positivas para a Europa.
E, como disse, conheço vários casos assim...
Pessoas que só se inscreveram nas Novas Oportunidades para terem computadores e que depois, mesmo com a simplicidade do curso, não comparecem às aulas...
Pessoas que chumbaram repetidamente no ensino nocturno (que já de si é simplificado) e que depois se inscrevem nas Novas Oportunidades e, tchan tchan... passam!
Pessoas que não tem um mínimo de cultura, educação e vivência, para não falar de inteligência, organização mental, estímulos educativos, etc.... e que de repente tem o 12º ano....
Enfim... tanta e tanta gente que de repente, sem precisar de comprar a farinha Amparo, se encontra com um diploma que a muitos milhões custou anos de estudo e sacrifício...
Há que admitir que é melhor que um kinder surpresa.... inscrevemo-nos num curso e, além de podermos ter um computadorzito a preços de "feira", ainda podemos ganhar um diploma... e sem a surpresa de ter de abrir o Kinder!
Com tanta gente que precisava e queria acabar a sua escolaridade, de uma forma séria e honesta, alguém me sabe explicar como se acede às Novas Oportunidades?
Qual o critério de selecção?
Quem entra e quem não entra?
Ou, como me parece ser o caso (em função dos meus conhecidos), todos os que se inscrevem, desde que saibam assinar e escrever o nome, tem lugar nas Novas Oportunidade e a ostentar orgulhosamente um diploma de 9º ou 12º ano?
Fica o texto que me fez reflectir novamente neste assunto:
Novas Oportunidades - a ignorância certificada!
Perante a publicidade aos referidos cursos, aqueles que abandonaram a escola ou, por qualquer razão não concluíram um dos ciclos de escolaridade, esfregaram as mãos de contentes, uma vez que agora se lhes oferece a oportunidade de obterem um certificado de habilitações que lhes poderá vir a ser útil. E como diz o ditado ”mais vale tarde do que nunca”, eles lá se inscreveram. Por outro lado, três meses das 7.00 as 10.00 horas, horário pós‐laboral, uma vez por semana, era coisa fácil de realizar. Coitados daqueles que andam 3 anos (7º, 8º e 9º anos) para concluírem o 3º ciclo!!! Isso é que é difícil!
Na rua, no café, nos locais públicos em geral ouve‐se: “Ah! Agora, ando a estudar! Ando afazer o 9º ou 12º ano! Aquilo e porreiro, pá!”
Entretanto, há pessoas com quem contactamos no dia‐a‐dia, mais próximos de nós, o cabeleireiro, o sapateiro, a empregada doméstica, etc. que também nos confidenciam com ar feliz: “Agora, com esta idade, ando a estudar! Ando a fazer o 9º!” E nós, simpaticamente, sorrimos, abanamos a cabeça e dizemos que fazem bem, sempre é uma mais valia… contudo, numa dessas conversas, tentei descobrir que disciplinas constavam do curso, ficando a saber que eram Português, Matemática, Informática e Cidadania para o 9º ano; e indaguei ainda como eram as aulas e a avaliação final.
E fiquei atónita. Em Português o formando teria que escrever a história da sua vida e a razão por que se inscreveu no curso, sendo o texto corrigido aula a aula pela respectiva formadora; Matemática consistia em efectuar cálculos básicos e apresentar, por exemplo, a receita de um bolo e duplicá‐la; para Informática apercebi‐me que seria a apresentação do trabalho escrito e, posteriormente, quem quisesse apresentá‐lo‐ia em “powerpoint”; em Cidadania, os formandos apresentavam os diferentes resíduos e diziam em que contentor os deveriam colocar. A nível de Português ainda foi pedida a leitura de um livro e seu comentário, sendo a selecção ao critério do formando o que deu origem a autores “light”, nada de autores portugueses de renome; a acrescer a este comentário teriam também de fazer a apresentação crítica a um filme e a uma reportagem. Todos estes elementos seriam entregues num dossier, cuja capa ficaria ao critério de cada formando.
Três meses passaram num abrir e fechar de olhos, por isso um destes dias, enquanto aguardava a minha vez para ser atendida no consultório médico, fui brindada com o dossier do curso da recepcionista e respectivo certificado de 9º ano. Engoli em seco aquelas páginas recheadas de erros ortográficos e de construção frásica, desencadeamento de ideias e falta de coesão, (…), entremeados por bonitas fotografias; na II parte, umas contitas simples e duas tábuas de multiplicação; e em Cidadania, os contentores do lixo coloridos com a indicação dos resíduos que se põem lá dentro.
Em seguida, com um sorriso muito branco (nem o amarelo consegui!) e, como bem educada que sou, felicitei a dona do dossier cuja capa estava realmente bonita, original, revelando bastante criatividade e ouvi‐a alegre dizer: “A formadora disse‐me que tinha hipóteses de fazer o 12º ano. Logo que possa, vou fazer a minha inscrição!”
Fiquei estarrecida, sem palavras para lhe dizer o que quer que fosse. “As Novas Oportunidades” são isto? Está a gastar‐se tanto dinheiro para passar certificados de ignorância? Será que todos os formadores serão iguais a estes? E o 9º ano e escrever umas tretas e ler um Nicholas Sparks e um artigo da revista “Simplesmente Maria”? E o 12º ano será a mesma coisa (queria dizer chachada) acrescida de uma língua?
Continuando assim o país a tapar o sol com a peneira, teremos em poucos anos a ignorância certificada!
Marta Oliveira Santos – Licenciatura em Filologia Românica; colaboradora de várias publicações
4 comentários:
Concordo contigo, eu tb m estou a fazer, o 12º atraves das novas oportunidades, mas acho que tens razão. Nós não temos disciplinas.
Não se aprende. O RVCC, tens de falar sobre as tuas competencias adquiridas ao longo da vida mas tens de abordar temas que eles nos pedem.
Eu acho que isto das novas oportunidades, (vou falar contra mim) é bom para quem anda á anos numa profissão e precisa de ter equivalencia do 9º ou 12º para tirar uma carteira profissional, por exemplo.
Mas eu resolvi aproveitar, assim vou ter o 12º, claro que quem quer ia para a faculdade tem de esforçar , porque se não, não vai lá.
Jinhos
Solita, eu acho que é uma boa oportunidade para as pessoas que tem experiência de vida poderem ter uma equivalência ao 9ª ou 12º ano (ando a insistir para a minha cara-metade acabar assim o que lhe falta)... mas com o "currículo" académico que me indicam ter... é complicado dar credibilidade (ou a que se espera).
Vamos ver se melhora e se as pessoas que estudam 12 anos e imensas cadeiras não começam a sentir-se ultrapassadas e toca de ir tudo para as novas oportunidades...
mas acredita que acho que é um bom conceito para quem tem anos de experiência de vida, pois a escola não traz os ensinamentos que recebemos na vida :)
beijinhos e boa-sorte (a ver se o rapaz se decide a fazer isso também)
esqueci-me de dar o exemplo de uma amiga que tem 22 anos de cabeleireira, mas não tem carteira profissional, e para a ter é preciso o nono ano. Nesse caso acho bem estes cursos, porque ela tem experiencia profissional e vai continuar na área dela.
Era par dizer isto á pouco e esqueci.
As novas opurtunidades deviam ter sido criadas para estas pesoas, não para pessoas comoe u.
hehehheheh
solita - para ti e para ela e para a minha cara-metade.
acho bem que existam, mas não nos moldes actuais ;)
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