Depois de algum tempo sem aqui vir (é o que dá o regresso ao trabalho e ter uma nuvenzinha que gosta de estar com a mamã nos tempos livres), não podia deixar de partilhar mais um texto que amei (enquanto não me dedico a escrever um texto meu...)
Há quem goste dele e quem não goste, mas a verdade é que por trás do seu humor muito particular, o Fernando Alvim revela por vezes sentimentos profundos e escreve textos que nos deixam a pensar. Especialmente quando falar de amor e de paixão.
E tenho de concordar com ele... o amor sem a chama da paixão acaba por ser algo muito monótono... aquele estilo casal de velhotes em casa, enrolados na cadeira (cada um na sua), a ver a novela e a beberricar um chá! E eu prefiro o casal de velhotes que vai surfar, passear, que é activo e cúmplice e apaixonado.
Aqui fica o último texto dele, tirado do seu blog Espero bem que não:
Paixão em tempos de cólera
Chegou a hora de falar de paixão e deixar de bajular o amor. Se me permitem - e com verdade não está aqui ninguém que me impeça - tem que ser feita justiça em relação à paixão. Mas uma justiça de milícia popular, com archotes e enxadas na mão, uma justiça que nos ponha roucos, de cara ruborizada, com as veias dilatadas como nos discursos de tomada de posse do Valentim Loureiro. Por mim, corta-se já uma estrada, uma avenida central, a pista do Jamor.
Por mim é já hoje, um buzinão na ponte, nas portagens, uma greve geral, o que for, mas assim é que não pode continuar. E digo-vos já porquê, deixem-me só beber um copo de água. A paixão tem sido de forma sistemática, ao longo dos anos, de forma quase velhaca, prejudicada pela equipa de arbitragem. Não há jogo nenhum, em que o amor não seja levado mais a sério do que a paixão. E eu não posso concordar com isto. E não me venham aqui os amorosos do costume dizer que a paixão é a primeira fase e que depois se desenvolve o amor e tal e coiso, que é algo progressivo e que assim é que bonito. O tanas, é que é bonito. A paixão pode durar uma vida. A paixão mete o amor num chinelo e levanta um estádio inteiro com uma jogada de génio. O amor quando muito passa a bola, mas não faz aquela jogada que leva as pessoas ao estádio. O amor é Moutinho, a paixão é Hulk. A paixão é o toque de calcanhar do Madjer, o amor é um remate certeiro mas só isso. As pessoas festejam o golo, mas o da paixão, o da paixão é outra coisa. O da paixão é marcado no último minuto, é o penalty que nos leva à final do campeonato europeu quando já todos roíamos as unhas. A paixão rói as unhas, o amor passa a vida a tratá-las para não partirem. E esta é a principal diferença, a paixão não tem tempo para pedicura. A paixão tem pressa e corre para apanhar o autocarro. O amor espera que venha outro. A paixão não é nada disto, é outra gente.
Ouçam, a paixão não faz fretes, ninguém quando está apaixonado liga para a outra pessoa porque tem que ser. Na paixão não tem que ser, é. Já o amor é o que se sabe, uma folha de cálculo, organizadinho, com a camisa aos quadradinhos, risquinho ao meio no cabelo, um exemplo para a família, bravo, bravo! Pois a paixão também o pode ser. E está na altura de não a subestimarmos mais. Alguém que diga que está apaixonado por outra, não pode ser tratado como se fosse um amante. A paixão pode também nunca morrer, pode ser para sempre, sem precisar dessa coisa do amor. A paixão é independente, é música alternativa. O amor é hit parade, é sucesso na rádio cidade. O amor dificilmente viverá sem a paixão e não me venham dizer que o contrário também é verdade, porque pode muito bem ser e daria cabo de toda esta minha tese que conclui precisamente agora.
Por mim é já hoje, um buzinão na ponte, nas portagens, uma greve geral, o que for, mas assim é que não pode continuar. E digo-vos já porquê, deixem-me só beber um copo de água. A paixão tem sido de forma sistemática, ao longo dos anos, de forma quase velhaca, prejudicada pela equipa de arbitragem. Não há jogo nenhum, em que o amor não seja levado mais a sério do que a paixão. E eu não posso concordar com isto. E não me venham aqui os amorosos do costume dizer que a paixão é a primeira fase e que depois se desenvolve o amor e tal e coiso, que é algo progressivo e que assim é que bonito. O tanas, é que é bonito. A paixão pode durar uma vida. A paixão mete o amor num chinelo e levanta um estádio inteiro com uma jogada de génio. O amor quando muito passa a bola, mas não faz aquela jogada que leva as pessoas ao estádio. O amor é Moutinho, a paixão é Hulk. A paixão é o toque de calcanhar do Madjer, o amor é um remate certeiro mas só isso. As pessoas festejam o golo, mas o da paixão, o da paixão é outra coisa. O da paixão é marcado no último minuto, é o penalty que nos leva à final do campeonato europeu quando já todos roíamos as unhas. A paixão rói as unhas, o amor passa a vida a tratá-las para não partirem. E esta é a principal diferença, a paixão não tem tempo para pedicura. A paixão tem pressa e corre para apanhar o autocarro. O amor espera que venha outro. A paixão não é nada disto, é outra gente.
Ouçam, a paixão não faz fretes, ninguém quando está apaixonado liga para a outra pessoa porque tem que ser. Na paixão não tem que ser, é. Já o amor é o que se sabe, uma folha de cálculo, organizadinho, com a camisa aos quadradinhos, risquinho ao meio no cabelo, um exemplo para a família, bravo, bravo! Pois a paixão também o pode ser. E está na altura de não a subestimarmos mais. Alguém que diga que está apaixonado por outra, não pode ser tratado como se fosse um amante. A paixão pode também nunca morrer, pode ser para sempre, sem precisar dessa coisa do amor. A paixão é independente, é música alternativa. O amor é hit parade, é sucesso na rádio cidade. O amor dificilmente viverá sem a paixão e não me venham dizer que o contrário também é verdade, porque pode muito bem ser e daria cabo de toda esta minha tese que conclui precisamente agora.
Imagem retirada da Internet
4 comentários:
Um dos grandes trabalhos da paixão é manter o amor vivo. Ou vice-versa!
Beijocas!
Concordo com o Rafeiro Perfumado, um não vive sem o outro! Ambos são necessários para o equilibrio saudável do relacionamento.
Bjs
Não sei se já viste o filme mas é simplesmente um dos meus favoritos.
Sou uma eterna apaixonada, faz parte de mim. Gosto de viver no top dos sentimentos.
Um beijo mto grande mamã trabalhadora ;9
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