segunda-feira, 28 de julho de 2008

Amigos e Amizade

Hoje gostava de divagar (sim, porque li e reli e continuo a não conseguir dar ordem aos pensamentos que aqui exponho, por isso só posso falar em divagação) sobre a amizade e o conceito de amigos.
Tenho assistido ultimamente a tantas variações do conceito que estou absolutamente confusa sobre o que se considera hoje em dia um amigo e o que é um simples conhecido.

Pessoalmente, não me considero uma boa amiga, não como algumas pessoas e amigas que tenho.
Não sou pessoa de estar sempre a ligar aos amigos, de saber sempre como estão, de andar sempre em festas e farras com eles, saber as suas datas de aniversários e dos filhos e família, etc, etc.
No entanto, sempre que sei que uma das pessoas que eu considero amigo(a) está mal ou a precisar de algum tipo de ajuda ou apoio, largo tudo e todos para estar com ela.
Pelos meus amigos, ou aqueles que eu considero amigos, faço qualquer coisa para os apoiar, seja em que situação for.

Claro está que já me enganei inúmeras vezes e vou continuar a enganar ao longo da vida sobre as pessoas que são verdadeiramente minhas amigas.
Muitas das pessoas que eu considerava amigas, quando chegou o momento de o demonstrarem... provaram ser apenas simples conhecidos.
Assumo que uma das culpadas sou eu, pois sou muito fechada e procuro resolver as coisas sozinha, sem incomodar ninguém - afinal, um dos papeis/funções para os quais devia usar os meus amigos.
Mas faz parte da minha natureza e quem me conhece e é verdadeiramente meu amigo compreende e aceita isso, pois não é algo que os vá afectar nas suas vidas pessoais ou profissionais.
No entanto, nunca me escondi de amigos e nunca tive medo de lhes dizer as coisas cara a cara, como as penso e sinto.
E nunca enganaria um amigo ou alguém que considere como tal, ou o usaria para benefício próprio.

Isto vem a propósito de uma frase que ouvi ontem, e que me ficou no ouvido:
Nos bons momentos vemos a quantidade dos nossos amigos; nos maus vemos a qualidade deles!

E realmente, nestes últimos tempos tenho analisado a qualidade de algumas amizades que me rodeiam e o conceito de amigos.
Cuidado que com isto não estou a querer julgar ninguém nem o valor dessas amizades (quem sou eu para o fazer, especialmente sendo como sou!).
Mas custa-me ver amigos que se afastam por rumores que não procuram resolver, amigos que deixam de se falar porque terceiros infestaram de mentiras a sua relação, amigos que nos momentos de crise desaparecem e abandonam o barco da amizade, amigos que realmente só o querem ser quando precisam ou quando as coisas estão bem, etc., etc., etc..
Custa-me ver as pessoas que sofrem com estas "amizades", pois muitas vezes as acções destes pretensos amigos abalam no só as relações pessoais entre as pessoas, mas igualmente relações familiares e/ou pessoais.

Sei que não sou, novamente, o bom exemplo, pois tenho tendência a perdoar tudo aos meus amigos (incluindo aqueles que acreditava serem amigos até se provarem simples conhecidos).
Talvez por isso, apesar de usar a palavra Amigos quando me refiro a muitas pessoas que me rodeiam, na verdade não passam, para mim, de simples conhecidos, pois quem não sabe nada de mim nem da minha maneira de ser e só está comigo quando eu organizo algo ou precisa... não pode verdadeiramente ser considerado Amigo.
E é por isso que Amigos... só tenho, se muito, 1/2 dúzia - apesar de acreditarem que estou sempre rodeada de gente e de amigos.

Voltando ao assunto... eu sei que perdoo tudo aos meus amigos (reais ou virtuais), mas quando pisam no risco ou quando abusam de mim ou da minha vontade... sai da frente!
Quando descubro que a "amizade" era puramente interesseira ou só para a farra e não se preocupam comigo ou com o que me acontece, por norma depois de perdoar inùmeras situações que teriam alertado qualquer outra pessoa para a realidade - sai da frente!
Até posso perdoar a pessoa que me maltratou ou abusou da minha confiança ou relação de amizade, até posso desculpar dizendo que ela é assim e não sabe o que faz - mas quando me prejudicam profissionalmente ou na minha vida pessoal.... passam a ser simples conhecidos.
Por norma, consigo separar o pessoal do profissional, mas quando me afectam no aspecto profissional... não consigo perdoar no pessoal.

Por vezes penso que gostava de ser como algumas das pessoas que me rodeiam, que são pisadas, abusadas pelos amigos e... conseguem continuar a perdoar, a dizer que as pessoas são assim mesmo.
Mas será que um verdadeiro amigo deve ser assim?
Perdoar tudo dizendo que é o feitio do outro(a)?
Ficar sozinho(a) quando precisa, abandonada(o)¨pelos "amigos" e mesmo assim justificar dizendo que eles são assim?

Porque eu sou muito má amiga, mas também... quem tem amigos assim não precisa de inimigos.
Onde acaba a amizade e começa o interesse pessoal, o benefício próprio?
Onde acaba o egoísmo e começa a partilha de bons e maus momentos que para mim caracteriza uma amizade real?
E quando falo de amizade, falo de companheirismo, de ajuda, de tolerância (com limites).

Hoje em dia as pessoas acham que os amigos são para sair, para ir de férias, para estar nos bons momentos.
Não vejo as pessoas a preocuparem-se com os amigos que estão a passar maus momentos.
Acham que um telefonema, um e-mail de solidariedade chega!
Mas se calhar as acções falariam mais alto que quaisquer palavras!
Se calhar aquela pessoa que nos vem ver quando sabe que estamos mal, que nos estende uma mão porque sabe que precisamos de ajuda... aquela pessoa que sem dizer nada ou fazer alarido do facto nos dá apoio ou oferece soluções... se calhar essa pessoa a quem nem dávamos importância, que considerávamos um bom conhecimento... é e será sempre muito mais nossa amiga que todos aqueles que desapareceram quando souberam que estávamos a passar um mau bocado!

Enfim... mudam-se os tempos, se calhar mudaram os conceitos de amizade.
Decididamente a PDI começa a dar sinal, porque para mim os meus poucos e raros amigos não precisam de falar comigo todos os dias, se calhar nem todas as semanas ou mesmo meses, mas sei que estão lá!
Que posso contar com eles quando precisar, da mesma forma que eles contam comigo nos momentos de crise!
Sei que são amigos para toda a vida e não para este Verão ou para esta época desportiva ou mesmo para este ano ou mês.
Posso estar dias, meses, anos sem falar com eles, ou trocando os esporádicos telefonemas ou e-mails, mas quando nos encontramos é como se nos tivéssemos separado na noite anterior, e tudo segue normalmente sem interrupções.
São amigos a quem posso ligar para desabafar (se um dia aprender a fazer isso), que me ligam para contar a sua vida, que me ligam para fazer propostas... são completamente diferentes de mim e entre si em feitios, mas é isso que complementa a nossa amizade.
Acima de tudo são pessoas que estão presentes nos momentos difíceis, são honestos quando falam comigo e me criticam as atitudes, gestos, acções, etc.!
Não fogem, não se escondem, não mentem "para não ferir os meus sentimentos" ou para ficarem bem vistos... são AMIGOS!

Talvez seja antiquada, mas para mim Amizade (com maiúscula) é isso mesmo!!!
Será que o novo conceito é diferente?
Que Amigo hoje é só para partilhar bons momentos ou para nos proporcionar boas oportunidades (de saídas, profissionais, etc)?
Quem me pode ajudar a entender o que é a Amizade e o Amigo???

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