terça-feira, 7 de abril de 2015

Familia amiga

Há 3 anos candidatei-me e fui chamada para uma entrevista.
Queria ser família amiga de uma criança, dar amor e carinho. Como sei que solteira tinha poucas condições para ser escolhida como adoptante (um sonho de infância), pareceu-me a melhor solução.
Podia passar as férias e fins de semana com ela, a Laia crescia com amigo(s) diferente(s) e podíamos dar amor.
Confesso que hoje em dia ao ler muita coisa sobre isto, me surgem muitas questões sobre a estabilidade emocional da criança (não deve ser fácil passar uns dias e depois ser "devolvida" e ver a outra, a filha, ficar em casa)....
E depois o dar amor e a criança regressar à família, ser adoptada e ir embora... são muitos ses.
Mas depois da entrevista percebi porque há tantas crianças institucionalizadas e sem amor.
Retenho algumas das "pérolas" que ouvi naquele dia:
- Se tem uma filha pequenina para que quer perder tempo a ser família amiga? Vá tratar da sua filha e quando ela crescer se ainda quiser ser família amiga volte cá
- Antes era mais simples, mas agora decidimos fechar mais o processo.
- Havia uma senhora casada e mãe de 3 filhos que queria ser família amiga e até ir ler a historia à noite. Quando perguntámos quem ficava com os filhos quando ela fosse ler, ela respondeu que era o marido. Claro que tive de lhe dizer que ela tinha era de se preocupar com os seus filhos e não deixar sozinhos para ir ler historias a outra criança.
- Não prefere antes ser amiga de uma pessoa de idade? Para crianças temos muita gente, mas se quiser ser de pessoa de idade não há problemas. (então e aqui já podia deixar a minha filha pequenina sozinha?!)
Quando lhe digo que se me inscrevi era porque tinha pensado bem no processo, tinha o apoio da família e de todos, achava importante que a minha filha pudesse crescer a conhecer aquela realidade e a partilhar... ouço
- A sua filha tem é de estar com a mãe e a família. Já viu o que ela vai sentir de ter de partilhar tudo tão pequenina? Não pode ser. Quando ela tiver 5 anos volte, mas pense antes em apoio 3ª idade
Enfim....
Foram tantas "pérolas" e em tão pouco tempo que nem consigo dizer todas (estas foram mesmo as que me marcaram).
Posso não ser psicóloga, mas parece-me melhor para uma criança crescer a saber partilhar e dar amor a quem não tem do que quando é mais crescida.... mas isso sou eu que sou idealista... afinal vivo numa nuvem!
E penso... se são crianças institucionalizadas, se vão manter contacto com a família, se uma pessoa está disposta a crescer assim e até tem condições físicas e de espaço para acolher... porque tantos problemas?
Gostava muito de adoptar, sim, é verdade! Mas também é verdade que ia ser muito complicado em termos de horários, que ia ser mais uma despesa e já está complicado, mas acima de tudo ia sobrecarregar mais a minha mãe que já é quem fica com a minha filha todos os dias.
Família amiga era a solução! Podia ser no tempo que tenho para me dedicar a 100% às crianças, podia ser com amor e dedicação .... mas esbarrou nas dificuldades.
Hoje em dia, depois daquela entrevista, percebo melhor porque há tantas crianças institucionalizadas e sozinhas...
Percebo porque se demora anos a adoptar...
Mas
Hoje em dia não desisto!
E hoje foi o dia em que voltei a candidatar-me para família amiga!

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