Pedro Guilherme

Há algum tempo que andava a pensar sobre o que escrever.

Não sendo escritora nem com tendência para isso... não sabia sobre que escrever...

Sobre os meus sentimentos? Ainda sinto muita melancolia e já chega disso.

Livros que li? Sinto o que leio, vivo o livro, mas não gosto de falar deles.

Mas ontem à 1.20 da manhã recebi uma notícia que me deixou triste, que me deixou em choque... e que não me deixou dormir.

Uma das pessoas que conhecia (não posso usar a palavra amigo, pois não éramos assim tão chegados) há muitos anos, ligada desde sempre à minha paixão (o pólo aquático), jovem na flor da idade (ainda lhe faltava tanto para chegar aos... 30), faleceu!

E o mais difícil é a forma como faleceu. De uma forma estúpida, desnecessária... no fundo... como todas as mortes!

Todos sabem os mails que recebemos ciclicamente sobre o que fazer se tivermos uma avaria a meio da noite numa estrada mal iluminada. E a maior parte das vezes, provavelmente, apagamos, pois já sabemos o que diz e o que se deve fazer.

Mas, o Pedro é a prova viva que esses mails devem ser levados a sério!

Ele era de Felgueiras, onde treinava e dava treinos aos escalões de pólo aquático do clube. Tinha ido com os seus miúdos jogar ao Porto (à noite, como sempre no pólo aquático) e estava a regressar a casa quando a carrinha teve um furo.

A estrada não é das melhores, mas ele encostou à berma e, conscienciosamente, fez sair os miúdos da carrinha e colocou-os a salvo a uma distância segura.

Quando estava na traseira da carrinha... veio alguém que, atraído por aquele "íman" que as viaturas acidentadas parecem ter, foi contra a carrinha onde o Pedro estava, na traseira, a tentar tirar as coisas para mudar o pneu.

Ainda tentaram reanimação... mas nada resultou.

E por isso hoje estou triste, muito triste.

Não só pela morte do Pedro, que era uma pessoa que se dedicava a fundo ao Polo Aquático e a tudo em que se envolvia, apaixonado pelo seu Foca e pela vida, disponível, sorridente, mas pela forma estúpida e desnecessária como foi!

Foi uma perda para o Pólo Aquático, mas acima de tudo uma perda de uma pessoa especial!

E fico triste por se continuar a morrer desta forma em Portugal...

Não sei o que dizer... como me explicar...

Só que hoje estou triste... pela morte do Pedro, pela sensação de perda que sempre irá acompanhar os seus familiares, pela dor que vão sentir...que poderá ser enterrada, mas estará sempre presente (já perder um ente querido é duro... de uma forma brutal e inesperada... é indescritível), pela falta que fará aos seus amigos, atletas e todos aqueles que com ele privaram de alguma forma.

Por isso...

Estou triste hoje.

E no céu também estão tristes... pois esta chuva só pode significar as lágrimas pela perda de um jovem na flor da vida!