terça-feira, 30 de setembro de 2008

Declaração de Amor Alentejana

Já não se fazem declarações de amor assim.
Eu continuo à espera de receber uma destas... e como a esperança é a última coisa a morrer... pode ser que um dia receba uma
Reparem na poesia...
na paixão...
na métrica...
lindo!

Minha querida magana...
Desda aquela vez da palha naquele monti

Que aqui ficastes escarrapachada na minha alembradura.

Atão na foi tão bom? Diz laa?


Condolho pra ti com esses bêços de mula,

O mê coração prega purradões nas costelas,

Parece um trator a arrencar ecalitros naquela charneca.


Se mamares comé tamo,

Se machares come tacho

Vamos pedir a tê pai cacete o nosso acasalamento.


Gosto de ti, pôrra!!!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sabias que...

Estas são algumas das coisas mais difíceis de reconhecer e partilhar, mas a verdade é que quando as reconhecemos, para nós e nos outros, e somos capazes de ajudar... nada sabe melhor!
E sei que são difíceis de reconhecer porque me encontro retratada em tantas coisas aqui, e que quem me conhece nunca o veria assim!
  • Sabias que quando invejas alguém, é porque na verdade gostas dessa pessoa?
  • Sabias que aqueles que parecem ter um coração muito forte, são na verdade fracos e mais susceptíveis?
  • Sabias que aqueles que passam o seu tempo protegendo os outros são aqueles que na verdade precisam que alguém os proteja a eles?
  • Sabias que as três coisas mais difíceis de dizer são: Amo-te, desculpa e ajuda-me?
    As pessoas que dizem isto realmente sentem necessidade disto ou sentem-no, e são aqueles que realmente precisas de valorizar, porque o disseram.
  • Sabias que aquelas pessoas que se ocupam servindo de companhia para alguém ou ajudando os outros, são aqueles que realmente precisam de companhia e ajuda?
  • Sabias que aqueles que se vestem de vermelho são os que têm mais confiança em si próprios?
  • Sabias que aqueles que se vestem de amarelo são aqueles que apreciam a sua própria beleza?
  • Sabias que aqueles que se vestem de preto, são aqueles que querem passar despercebidos e precisam da tua ajuda e compreensão?
  • Sabias que quando ajudas alguém, que a ajuda retorna a ti a duplicar?
  • Sabias que aqueles que necessitam mais da tua ajuda são aqueles que menos o mencionam?
  • Sabias que é mais fácil dizeres o que sentes escrevendo do que dizê-lo cara a cara?
    Mas sabias que tem mais valor quando o dizes na cara?
  • Sabias que o mais difícil para ti de fazeres ou dizeres é mais valioso de que algo que vale muito dinheiro?
  • Sabias que se pedires algo com muita fé, os teus desejos estão garantidos?
  • Sabias que podes tornar os teus sonhos realidade, tal como apaixonares-te, tornares-te rico, saudável, se o pedires com fé, e se realmente souberes, ficarás surpreso com aquilo que consegues fazer.

O medo causado pela inteligência

Mais um mail interessante recebido, desta vez da madrinha e com o qual me identifico muitíssimo, não por me considerar mais inteligente que a média, mas porque me deparei com estas situações em muitos dos locais onde trabalhei.
É uma realidade hoje em dia que as promoções e a evolução em qualquer lugar se deve cada vez menos ás capacidades e qualidades da pessoa mas sim ao seu relacionamento pessoal com os cargos de chefia.
E quanto menos capazes eles forem mais sobem, pois assim não fazem sombra a quem já lá está e se pode continuar a dominar e controlar o trabalho sem risco de no futuro as coisas mudarem e se encontrarem... isolados.
Para reflectir, pois não é nada de novo e, infelizmente, creio que sempre será assim:

Palavras de Martin Luther King

Recebi este pensamento deste grande homem, que aqui gostava de partilhar.
Nos dias que correm, em que quem domina e vence são os "espertos",, os que tem baixo valores morais, não podia ser um pensamento mais actual, aplicado à nossa realidade e que, por isso mesmo, se torna assustador.
Porque a ele, para o calarem, tiveram de o assassinar!!!

O que mais preocupa não é o grito dos violentos,
nem dos corruptos,
nem dos desonestos,
nem dos sem carácter,
nem dos sem ética,
O que mais preocupa é o silêncio dos bons!

Através do caminho

Mais alguns pensamentos que recebi, desta vez da mamã, sobre como encarar a vida e os acontecimentos e eventos que a atravessam.
Para pensar... se estamos a crescer ou não!

13 Reflexões para viver

13 pensamentos, 13 reflexões sobre a forma como podemos e devemos encarar a vida e o quotidiano.
Foram-me "vendidos" como sendo de Gabriel Garcia Márquez, mas já os recebi tantas vezes e de tantos autores diferentes que prefiro deixar os pensamentos, ficando a autoria atribuída a "desconhecido".
Podem ser clichés, podemos já os ter lido, recebido por mail, comentado milhares de vezes, mas para mim continuam a fazer sentido e nunca é demais recordar:
  1. Quero-te não por quem és, e sim por quem sou quando estou contigo.
  2. Nenhuma pessoa merece as tuas lágrimas, e se houver quem as mereça, ela não te fará chorar.
  3. Só porque alguém não te ama como tu queres, não significa que não te ame com todo o seu ser.
  4. Um verdadeiro amigo é quem te dá a mão e te toca o coração.
  5. A pior forma de amar alguém é estar sentado a seu lado e saber que nunca o poderás ter.
  6. Nunca deixes de sorrir, nem sequer quando estás triste, porque nunca sabes quem se pode enamorar pelo teu sorriso.
  7. Podes ser somente uma pessoa para o mundo, porém, para alguma pessoa tu és o seu mundo.
  8. Não passes o teu tempo com alguém que não esteja disposto a passá-lo contigo.
  9. Queira Deus que conheças muita gente errada antes de conheceres a pessoa adequada para que, quando por fim a conheças, possas estar agradecido.
  10. Não chores porque já terminou, sorri porque aconteceu.
  11. Sempre haverá gente que te desiluda, por isso o que tens de fazer é seguir confiando e só ser mais cuidadoso em quem confiarás duas vezes.
  12. Transforma-te numa pessoa melhor e assegura-te de saber quem és antes e conhecer mais alguém e deixar que essa pessoa te veja como eras.
  13. Não te enfureças tanto, as melhores coisas sucedem quando menos as esperas.
E tudo isto para relembrar que "TUDO O QUE SUCEDE SUCEDE POR ALGUMA RAZÃO"

Tristeza

Tristeza, que me inunda a alma e o coração!
Tristeza de me entender sozinha...
Tristeza de compreender quão fugaz é o amor...
Tristeza de perceber que não adianta lutar quando se está sozinha na luta...
Tristeza de não ser capaz de sonhar...
Tristeza por estar numa nuvem negra e não branca...
Tristeza por querer dormir e não conseguir...
Tristeza por continuar a lutar contra moinhos de vento...
Tristeza pelas injustiças do mundo e da vida...
Tristeza pela ausência de palavras...
Tristeza pelas palavras que são só... palavras...
Tristeza pela dor que me atravessa o coração e a alma...
Tristeza pela hipocrisia e mentira que me rodeia...
Tristeza por ter de "crescer" e encarar a realidade...
Mas acima de tudo
tristeza por amanhã ser um novo dia sem ti!

Recordações

Posso dizer muita coisa do meu primeiro amor, posso dizer que me traiu, que me enganou, que éramos muito diferentes, mas também devo dizer que nunca desistiu de mim, pelo menos não quando eu queria desistir e não até eu ter mesmo batido a porta.
E se me marcou para sempre a frase que ele me disse no 2ª dia em que começámos a "andar" - "não te apaixones por mim que eu gosto de ser livre e não me quero sentir preso" - também me marcou para sempre o que ele disse quando eu quis acabar com ele ao fim de um mês, por achar que realmente eu estava apaixonada e ele era muito livre para uma relação:
- Acabamos quando eu disser que acabamos. Para uma relação são precisos dois e para acabar também. Eu gosto de ti, sei que gostas de mim e vou lutar para que a nossa relação resulte!
Pode não ter resultado, mas quantas pessoas lutam para manter uma relação durante 6 anos?
E mesmo quando a outra pessoa se afasta de vez (como eu me afastei ), quantas pessoas lutam durante meses para regressar?
Nunca ninguém disse que amar é fácil, mas sair sem lutar não pode nunca ser chamado amar!
E ele, com todos os seus defeitos, lutou!

domingo, 28 de setembro de 2008

Amores e desamores 4

Sentada no carro, a caminho de mais uma passagem de ano no Algarve, rodeada de bêbados e foliões "à pressão" ela pensava "Mas o que é que eu estou aqui a fazer?!".
Pensava nos últimos dias, nos últimos meses, nos últimos tempos daquela relação e não conseguia compreender o que estava ali a fazer, com ele, com aquelas pessoas, a caminho de uma passagem de ano que ela odiava com gente que não gostava!
Já há algum tempo que as coisas não andavam bem, que ela não se sentia bem naquela relação, que sentia que estava a ser enganada, que já não fazia parte da vida dele, mas o intenso amor que sentia por ele fazia com que procurasse esquecer tudo isso, procurasse superar todos esses sentimentos que insistiam em inundar o seu coração e a sua alma!
E ali sentada, enquanto eles ou ouvia falar de futilidades e antecipar as bebedeiras de mais logo, ela sentia, cada vez mais veementemente, que não pertencia àquele mundo, que não era aquilo que queria para si e para o seu futuro.
Todos estes sentimentos tinham ganho nova vida no Natal e estava a ser muito difícil esquecer o quanto ela tinha ficado magoada.
O Natal, aquela época que ela gostava mais do que tudo, pelo prazer de oferecer prendas, procurar a prenda certa para oferecer, encontrar aquela coisa que faz brilhar os olhos de quem recebe, pois era exactamente o que queriam.
E o Natal, com ele, ganhava nova vida, pois ele tornara-se mesmo mais importante que a sua família e as suas prendas tinham sido cuidadosamente pensadas e procuradas por toda a cidade.

Mas este ano tudo tinha mudado!
Chegada a véspera, ele tinha consecutivamente adiado o encontro deles e anulara mesmo o jantar, primeiro por problemas no trabalho, depois porque "iam todos sair e beber um copo e ele não podia vir embora assim".
Então, quase quando ela estava de partida para a reunião familiar tradicional desta época, ele finalmente aparecera, ainda com a roupa de trabalho, directamente dos copos e a cheirar a perfume.
Ela tinha tentado ignorar tudo isso, tal era a alegria de o ver e a antecipação de ver a cara dele com as prendas que ela tinha tão cuidadosamente procurado e para as quais tinha poupado durante tanto tempo.
Ele, qual criança mimada, abrira logo as suas prendas e, como ela previra, adorou cada uma delas, brincando com ela pela quantidade de prendas (mas ela sempre fora exagerada).
Em seguida, com ar meio desajeitado, colocara a mão no bolso e tirara uma embalagem comprida que ela percebera logo o que era, especialmente quando ele disse que não "tinha tido tempo" de procurar outra coisa.
O coração tinha parado!
Ela sabia o que era antes mesmo de abrir, mas não queria acreditar que, ao fim de tanto tempo, com o trabalho bem remunerado que ele tinha, com as condições que ele tinha, era "aquilo" que lhe ia oferecer no Natal?!
Procurara afastar esses pensamentos enquanto estendia a mão para agarrar a "prenda" dele, iludindo-se com a ideia de que era só a embalagem e que devia ser algo diferente.
Mas, quando abrira a prenda, os seus piores receios confirmaram-se - ele tinha-lhe oferecido uma esferográfica!!!
Ela nunca se considerara materialista, nem fora só o valor da prenda o que mais a tinha chocado nesse momento.
Era a oferta em si!!!
Ele tinha-lhe oferecido uma esferográfica, daquelas que os clientes dele lhe tinham oferecido!!!
Daquelas que as empresas oferecem aos fornecedores ou aos quadros das empresas com quem trabalham!!!
O choque tinha sido brutal!!!
Ele nem sequer se tinha dignado a procurar uma prenda de Natal para ela!!!
E era tão simples encontrar uma prenda que lhe agradasse, que fosse um sinal que ele tinha pensado nela!
Mas, em vez disso, ele tinha aparecido com uma caneta que tinha recebido na empresa?!
E ainda tentara disfarçar, ao ver a cara dela a olhar para "aquilo", dizendo que tinha pensado nisso para ela usar no trabalho?!
Mas será que ele pensava que ela era assim tão parva, ingénua, crédula... nem sabia o que pensara naqueles momentos!!!
Furiosa, expulsara-o de casa mais a sua "prenda" dizendo-lhe que para "prendas" daquelas nem precisava de se preocupar em dizer que era Natal, que ficasse com os colegas e as colegas e fosse muito feliz... nem se lembrava, tal tinha sido a sua fúria, desilusão, tristeza.

Nesse dia tinha jurado a si mesma que tudo estava acabado, mas a verdade é que os telefonemas dele com inúmeros pedidos de desculpa, as palavras dele, a voz dele... tinham de novo amolecido o seu coração e, contra tudo o que ela realmente queria, contra o que ela decidira, aqui estava ela no carro, a caminho de mais uma infindável passagem de ano com os amigos dele.
Todos estes sentimentos a acompanhavam durante a noite, enquanto circulava pela festa, naquela casa alugada que não lhe dizia nada, no meio daquelas pessoas com quem não se identificava e das quais não conhecia metade, naquela festa que não significava nada para ela.
E ia observando como ele parecia bem, enquanto de embebedava alegremente no meio daquela multidão e sentia o coração cada vez mais apertado, cada vez se sentia mais "sufocar" naquela luta entre o que sentia por ele e o que sabia que era mais saudável para ela.
Mesmo antes da meia-noite, finalmente, conseguiram sentar-se um pouco no jardim e conseguiram falar.
E foi nesse momento, quando no meio da conversa ele lhe anunciou que queria comprar/alugar casa, porque já não ia prestar o serviço militar, que ela teve a certeza que aquela relação não era o que queria.
E quando ele lhe disse (ele ainda não tinha percebido que quando estava bêbado falava demais e não era aquele rapaz que controlava e media bem as suas palavras) que já sabia há meses que não ia prestar serviço militar e que a casa seria só para ele, ou para ele e um amigo, e que ela poderia "visitar" quando quisesse, ela teve a nítida noção que realmente não havia amor que chegasse para suportar uma relação de aparências, em que os objectivos de vida, as próprias personalidades de cada um deles e os objectivos da relação eram tão diferentes.
Ao compreender que em vez de ser das primeiras pessoas a saber os planos de vida dele, os sonhos e ambições, era a última, ela teve a certeza que todas as dúvidas e incertezas que a assaltavam nos últimos meses eram uma realidade e não adiantava mais esconder a verdade!
Nesse momento, como se fosse um sinal divino, começaram a dar as badaladas da meia-noite e enquanto se levantavam rapidamente para beber o champanhe e comer as passas, porque há que manter as tradições, formou-se, de uma forma cristalina, na sua cabeça qual iria ser a decisão de ano novo.
E por isso, quando soaram as 12 badaladas e ele a beijou e perguntou, a cair de bêbado, o que ela tinha desejado para o novo ano, ela só lhe respondeu:
- O que desejo, vou obter desde já. Está tudo acabado entre nós!
E virando as costas, foi-se embora, sem voltar a olhar para trás, com o coração pesado, mas a alma leve por ter tomado a decisão que adiara tanto tempo!

Revolta

Quero dormir e não consigo!
Quero falar... de quê?
Quero perceber... o quê?
Quero partilhar... com quem?
Quero viver... onde?
Quero ser feliz... porquê?
Quero gritar... como?!
Quero deixar de ser egoísta... quando?
Quero ser... quem?
Quero que me entendam... como?

Quero ter calma e não consigo.
Quero ouvir... o silêncio?
Quero amar... e ser amada!
Quero uma família... minha!
Quero deixar de me sentir usada... por todos!
Quero deixar de ser ingénua.... e confiar cegamente!
Quero sair da escuridão.... e regressar ao sol!

Quero, quero quero....
e nada chega, nada obtenho!!!

Quero deixar de lutar... contra moinhos de vento!
Quero... paz de espírito!

Quero... calar esta revolta dentro de mim que não me deixa dormir!
Quero... poder dormir!!!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Como é que eu vivo sem ti?

Mais uma fabulosa música, dedicada a...

How do I,
Get through one night without you?
If I had to live without you,
What kind of life would that be?
Oh, I ....
I need you in my arms, need you to hold,
You're my world, my heart, my soul,
If you ever leave,
Baby you would take away everything good in my life,
And tell me now

How do I live without you?
I want to know,
How do I breathe without you?
If you ever go,
How do I ever, ever survive?
How do I, how do I, oh how do I live?

Without you,
There'd be no sun in my sky,
There would be no love in my life,
There'd be no world left for me.
And I,
Baby I don't know what I would do,
I'd be lost if I lost you,
If you ever leave,
Baby you would take away everything real in my life,
And tell me now,

How do I live without you?
I want to know,
How do I breathe without you?
If you ever go,
How do I ever,(ever,)ever survive?
How do I, how do I, oh how do I live?

Please tell me baby,
How do I go on?
If you ever leave,
Baby you would take away everything,
I need you with me,
Baby don't you know that you're everything,
Good in my life?
And tell me now,

How do I live without you,
I want to know,
How do I breathe without you?
If you ever go,
How do I ever,(ever),ever survive?
How do I, how do I, oh how do I live?
How do I live without you?
How do I live without you baby?
How do I live?
How do i live without you?

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Precisa-se de matéria prima para construir um País

E agora um artigo que me enviaram hoje, publicada no Público e que além de bastante interessante faz pensar!!!

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve.

E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.

Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.

O problema está em nós.

Nós como povo Nós como matéria-prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre
valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão
ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras
particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ....e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque
conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.

- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram
lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.

- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens
dizem que é muito chato ter que ler) e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para
aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações
médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.

- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com
uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e
não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
- Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de
Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
- Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não.

Já basta.


Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa
desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS.
Nascidos aqui, não noutra parte...

Fico triste.

Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o
suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...

Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas
enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve
Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a
força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa.

E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima,
ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!

É muito bom ser português.
Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às
nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam
um messias.

Nós temos que mudar.

Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.

Está muito claro...

Somos nós que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos.


Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e,
francamente, tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o
responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O
ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ.

NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.


E você, o que pensa?.... MEDITE!


Eduardo Prado Coelho "

Infelicidade vs Felicidade

"O segredo para ser infeliz é ter tempo livre para se preocupar se se é feliz ou não"
Shaw, Bernard
"O que se consegue de borla custa demasiado"
Anouilh, Jean

Dois pensamentos que me trazem tantos outros à cabeça.

Sou infeliz porque tenho tempo de pensar se sou feliz ou não.
Sou infeliz porque não tenho o que me ocupe a cabeça e o coração e como tal posso dedicar-me a procurar a infelicidade.
A realidade é que quando estamos ocupados, quando o dia parece não ter horas suficientes para tudo o que queremos fazer ou para estarmos com quem queremos estar... nunca paramos para pensar se somos felizes ou infelizes.
Vivemos e encaramos essa vida como uma forma de felicidade.
Só quando um dia, por qualquer motivo, temos de parar... é que começamos a pensar se somos felizes ou infelizes e, muitas vezes, chegamos à conclusão que somos infelizes.
Fazemos muita coisa para não assumirmos que somos infelizes?
Talvez seja o caso para algumas pessoas.
Eu sempre tentei fazer muita coisa que me deixasse feliz e como tal não tinha tempo para pensar em infelicidades.
Era infeliz por fazer coisas demais?
Muitas vezes podia ser o caso, mas com tanta coisa a acontecer na vida, quem se pode dedicar a pensar em ser infeliz.
Mas, se tivermos tempo livre, se pensarmos e chegarmos à conclusão que somos infelizes e que temos demasiado tempo para pensar nisso... a cura é simples:
ARRANJEM COISAS PARA FAZER E COM QUE OCUPAR O TEMPO!!!
Se possível coisas que gostem, que vos façam felizes, que vos motivem.
Desta forma, não só são felizes, como deixam de ter tempo para pensar na vossa infelicidade.
Eu sei que é o que eu faço - e já tive tempo de sobra para meditar na minha infelicidade, agora é tempo de viver, ser feliz e... não ter tempo de pensar em infelicidades.

O outro pensamento, é algo que sempre me acompanha na vida.
Não sei, nunca foi do meu feitio pedir ou aceitar coisas de borla.
Talvez porque tive tantas situações na vida em que me "atiraram à cara" essas ofertas "de borla" que eu prefiro pagar pelas minhas coisas.
Dizem que "quando a esmola é muita o pobre desconfia" (hoje estou virada para os clichés), mas a verdade é que quem acredita que as coisas de borla não tem um preço... é ainda mais ingénuo que eu (e é difícil).
Podia dizer que ouvi demasiadas vezes "sabes quanto isso custou", ou "se soubesse não te tinha dado isso", ou ainda "lembras-te de te ter dado aquilo".... e que isso me deixou um pouco cínica em relação ás coisas de borla.
Podia dizer que como sempre procurei as minhas coisas e fazer as coisas por mim, tenho tendência a não ver que posso ter coisas de borla...
mas a verdade é que, pela minha experiência, o simples facto de aceitarmos uma coisa de borla coloca-nos em duas situações:
- ou é uma falsa borla, porque a pagamos disfarçadamente, e/ou é algo de baixa qualidade;
- ou é algo que nos vai colocar em dívida (nem que seja moral) para com a pessoa que nos deu...
Por alguma razão em altos cargos não se podem aceitar ofertas (como se alguém respeitasse isto...) - hoje em dia ninguém dá nada a ninguém sem esperar algo em troca.
Transformamos o acto de dar algo num negócio, seja em termos pessoais, familiares ou profissionais.
Hoje em dia vê-se o valor do que se dá em vez da oferta em si, comparam-se ofertas...
Deixou de se oferecer algo especial porque "era a cara dele(a)" para se passar a oferecer algo que "não fique mal" ou "que ele(a) veja que podemos dar" ou ainda para que "daqui a amanhã precisamos dele(a) e não quero que pense que somos forretas"...
Por isso é que, para mim (cínica em relação a isto, ou "escaldada") as coisas de borla podem ter um custo demasiado elevado...

Ser professor

Dedicado à minha família de professores e a todos os meus amigos professores (obrigada mamã por este poema):

Ser professor é ser artista,
malabarista,
pintor, escultor, doutor,
musicólogo, psicólogo...
É ser mãe, pai, irmã e avó,
é ser palhaço, estilhaço.
É ser ciência, paciência...
É ser informação,
é ser acção.
É ser bússola, é ser farol.
É ser luz, é ser sol.
Incompreendido?... Muito.
Defendido? Nunca.
O seu filho passou?...
Claro, é um génio.
Não passou?
O professor não ensinou.

Ser professor...
É um vício ou vocação?
É outra coisa...
É ter nas mãos
o mundo de AMANHÃ.

AMANHÃ
os alunos vão-se...
e ele, o mestre, de mãos vazias,
fica com o coração partido.
Recebe novas turmas, novos olhinhos
ávidos de cultura,
e ele, professor,
vai despejando,
com toda a ternura,
o saber, a Orientação,
nas cabecinhas novas que,
amanhã,
luzirão no firmamento da
Pátria.
Fica a saudade...
a Amizade.
O pagamento real?
Só na eternidade.

(Autor desconhecido)

Porque não se devem procurar as memórias de tempos felizes

Um anúncio espectacular que exemplifica porque não se deve voltar atrás, porque não devemos procurar os momentos, pessoas, locais onde fomos felizes e devemos seguir em frente.
Sei que a base é comercial (afinal é um anúncio da lotaria), mas é um principio que devemos aplicar à nossa vida - deixar as memórias felizes onde estão... como memórias de tempos felizes!
Procurar repetir/reviver/recriar momentos felizes só nos vai causar desilusão, porque nada mais será tão genuíno ou verdadeiro como "aquele" momento ou aquela pessoa!

Porque usamos a aliança no dedo anelar.

Uma fabulosa explicação, dada pelos chineses, que me parece muito interessante!
Para quem não percebe bem inglês, o que cada dedo representa é o seguinte:
  • Polegar = os pais
  • Indicador = os irmãos
  • Médio = Nós
  • Anelar = o(a) esposo(a)
  • Mindinho = os filhos
Experimentem e vejam quais os elementos da nossa vida que se separam de nós (crescem, morrem, avançam) e como, quando encontramos a nossa alma gémea, é impossível separar.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Bom Senso

Infelizmente esta apresentação que recebi do meu tio é tão verdade nos nossos dias....

Vida de cão

Infelizmente, o que vão ver a seguir é a realidade para muitos cães!!!
Já recebi esta apresentação várias vezes, e sempre me emocionou!!!
Vão avançando os slides... e pensem antes de arranjar um cão só porque é um cachorrinho lindo e sempre quiseram ter um cão...

Mamma Mia

Ontem foi um dia especial, pois fui ao cinema com a minha mãe, coisa que não fazíamos há anos!
Esta versão cinematográfica do musical criado a partir das músicas dos Abba sempre me tinha suscitado curiosidade e por isso, ontem lá rumámos nós à catedral de consumo mais próxima.
Depois de um delicioso jantar vegetariano para a mamã (e de deliciosa fast food para mim), de um sundae para cada uma, lá nos dirigimos à minúscula sala, com as suas minúsculas cadeiras, para ver o filme.
Apesar de adorar pipocas e de por vezes ser uma das vítimas de consumismo que come pipocas no cinema, (um daqueles hábitos tipicamente americanos que conseguiram institucionalizar no nosso pequenino país, tão ansioso por imitar os "grandes"), devo admitir que me diverti ontem a ouvir os ruídos de mastigação dos meus vizinhos.
A sala estava bastante mais cheia do que eu teria previsto e devo dizer que não fiquei desiludida nem me senti defraudada nas minhas expectativas.
Sendo um filme ligeiro, vale pelas paisagens lindíssimas, pela possibilidade de ver, entre vários outros excelentes actores, a Meryl Streep a fazer papel de hippie, o Colin Firth a fazer de gay não assumido e o Pierce Brosnan a cantar!!!
Como referi, sempre fui uma apaixonada pelas músicas do Abba, mas só aqui, vendo este filmes, realmente prestei atenção às letras das musicas.
E que bem enquadradas no filme!!!
SOS, Chiquitita, Dancing Queen, Take a chance on me, The winner takes it all.... tantas e tantas músicas com letras lindamente enquadradas na historia!
As gargalhadas são garantidas, quanto mais não seja por verem as figuras de alguns dos maiores actores vestidos de lycra e a cantar (sem querer desvendar demais... fiquem até ao fim).
Se o filme não vos provocar gargalhadas, os ruídos das pipocas e as gargalhadas dos vossos vizinhos vão certamente despertar sorrisos mesmo nas almas mais sérias (a nós despertou).
No total, uma noite bem passada com a mamã, com um excelente filme que recomendo e grandes músicas intemporais!
Para quem gosta dos Abba, como eu sempre gostei, vale a pena ver o filme.
E para quem não gosta... também vale a pena ver o filme!!!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Palavras soltas

Sentia-se atolada em palavras, em pensamentos, emoções que precisava desesperadamente transmitir, eventualmente da forma mais fácil para ela, escrevendo.
Mas os dias passavam e, sem fazer nada, não conseguia transmitir aquilo que lhe inundava a alma.
Adorava escrever, mas parecia que nem conseguia começar.
Nunca tendo sido pessoa de escrever ou de manter diários, ultimamente sentia esta necessidade de escrever, mas decididamente não fora feita para a escrita e era realmente muito complicado conseguir ter a disciplina para escrever, mesmo sendo as suas coisas pessoais, sendo os seus sentimentos e emoções.
Deitada na cama, em mais uma noite sem conseguir dormir, as ideias atropelavam-se na sua cabeça e ela rebolava de um lado para outro, tentando silenciar tudo o que se atropelava na sua cabeça.
Pensou em arranjar um gravador, pois seria mais fácil gravar o que sentia e depois, um dia, com calma e cabeça passaria tudo ao papel.
Mas sabia que era uma "solução" impossível, pois se a cabeça fervilhava com as palavras, a boca permanecia teimosamente fechada!
É verdade que desde que começara a escrever sentia ainda menos necessidade de falar, era ainda mais complicado transmitir por palavras tudo o que se passava no seu coração e na sua alma.
Mas por vezes sentia-se assustada, com a força da suas emoções e das palavras que teimavam em querer sair , sendo que a boca permanecia teimosamente fechada, como que engolindo dentro dela tudo o que lutava por sair.
Nem para ela, nem para gravar e registar o que lhe inundava a alma conseguia que a boca se abrisse e libertasse aquelas palavras que rodopiavam e rodopiavam dentro da sua cabeça!
Nem assim ela conseguia extravasar as emoções, deixar sair em catadupa aquelas palavras que teimavam em não a deixar dormir, em a "atormentar" diariamente, pedindo para serem passadas ao papel, para serem libertadas e dadas a conhecer ao mundo e a quem a rodeava e afectava.
Rodou para o outro lado e pensou em dizer as coisas em voz alta, talvez assim conseguisse adormecer.
Como sempre, a boca permanecia fechada, enquanto as palavras gritavam cada vez mais alto dentro dela.
"Amanhã, amanhã escrevo um bocadinho.", pensou ela, tentando "comprar" o silêncio das palavras, a tranquilidade para mais uma noite de insónia.
Repetiu o pensamento várias vezes, enquanto rebolava na cama de um lado para outro, talvez resultasse, como contar carneirinhos.
Finalmente foi vencida pelo cansaço e conseguiu adormecer.
Ou talvez o seu "suborno" de escrever no dia seguinte tivesse resultado.
Mas enquanto dormia sabia que amanhã seria novamente um dia de luta, de um lado as palavras que queriam sair e libertar-se da sua alma, do outro os dedos que se recusavam a escrever e a boca que se recusava a falar.
E nesta batalha diária, quem seria no final o vencedor da guerra?

Amores e Desamores 3

- Não marques nada para esta noite. - dizia o sms que ele lhe enviou nessa fria manhã de Outono.
- Ok, mas o que tens em mente? - pergunta-lhe ela, com a curiosidade natural a quem está a umas boas centenas de quilómetros de distância.
- Não te preocupes, a seu tempo compreenderás. - foi a resposta dele.
E com esta última mensagem ela acabou de se vestir e preparou-se para mais um desgastante dia de trabalho, com aquele supra sumo de inteligência que a envergonhava diariamente junto dos seus outros colegas com as suas perguntas completamente deslocadas e fora de contexto.
Mas aquele sms não lhe saía da cabeça.
O que será que ele queria dizer com aquilo?
É verdade que se conheciam há algum tempo e que com as suas conversas diárias parecia que se conheciam há séculos, além de passarem horas ao telefone e trocarem milhares de sms e mails durante o dia, mas estavam extremamente distantes e era uma semana de muito trabalho para os dois.
Também era verdade que ela sentia a falta da sua presença física, dos seus braços para a apoiarem e abraçarem quando chegava a casa de rastos por mais um dia emocionalmente desgastante, mas fazer o quê?
Sabiam que ia ser complicado estarem juntos e que nesta altura do ano era literalmente impossível.
Mas que raio queria ele dizer com aquele sms?
Com esta questão na cabeça, o dia parecia ser ainda mais longo que o habitual e as horas arrastavam-se lentamente.
O seu coração dizia-lhe que ele se estava a preparar para fazer uma loucura e ir ter com ela, mas a sua cabeça dizia que era impossível, pois ainda na véspera tinham falado dos respectivos dias de trabalho e o dele estava cheio de reuniões.
Por isso o seu coração começou a bater mais rápido quando às 18h30 recebeu novo sms:
- Em que loja estás tu a ter a formação?
Respondeu-lhe tão depressa que quase se enganava:
- Na sede, que fica um bocadinho afastada da cidade, em XPTY.
- OK. Podes estar à porta daqui a 1h? Quando acaba a tua formação? - responde ele.
- Posso estar à porta daqui a 1h e a formação já acabou. Mas porquê? - diz ela, já com o coração aos saltos dentro do peito, simultaneamente assustada e excitada com a possibilidade de o rever.
- Porque tenho uma surpresa para te animar. Basta que estejas com o casaco azul para seres bem identificada. - foi a resposta dele.
- Daqui a 1h e com o casaco azul. Ok. - disse ela, já a acalmar o coração a pensar que afinal não seria ele, mas alguma das surpresas que ele gostava de fazer, como enviar-lhe flores ou alguma surpresa similar.
Foi com alguma ansiedade que regressou ao hotel e se preparou para estar à porta da loja dali a 1h. Parecia pouco tempo, mas os minutos não passavam e nem a TV ajudou a que o tempo se escoasse mais rapidamente!
Na hora marcada lá estava ela, com o casaco azul que ele tanto gostava, esperando e olhando ansiosamente em volta para ver o que a esperava.
Nisto o coração começou a bater mais depressa!
Não podia ser! Devia estar a ver mal!
Mas... sim, o carro que estava a entrar no parque naquele momento tinha uma matricula estrangeira e um homem enorme ao volante.
Não!!!
O seu coração devia estar a pregar partidas aos seus olhos!!!
Ele saía do carro e dirigia-se para ela.
Não era possível!!!
Mas... era ele!
Não era possível confundir aquele homem enorme, desengonçado no seu fato fino naquele dia gelado, que ela achava feio como tudo mas que tinha um charme e elegância que o tornavam irresistível aos seus olhos...
Caminhando em direcção aos seus braços o seu coração batia descontroladamente e ansiava por abraçá-lo.
- Não consegui ficar longe sabendo que estavas aqui e que não estavas bem! - disse-lhe ele enquanto a abraçava e levantava no ar.
- Depois de termos falado ontem, tomei a decisão. Acabei as reuniões, meti-me no carro e vim jantar contigo! - continuou ele enquanto a pousava docemente no chão.
- Mas não estavas cheio de reuniões? - perguntou ela, tentando controlar a voz para que não revelasse a emoção de o ver ali.
- Estava e estou, mas para te vir ver e estar contigo, vale a pena a viagem. De qualquer forma, depois de jantarmos deixo-te no hotel e regresso, ainda consigo dormir algumas horas e estou lá para as reuniões da manhã! Só que queria estar contigo. - responde ele com um sorriso, puxando-a novamente para si para a abraçar.
- És completamente louco! - foi a única coisa que ela conseguiu dizer, antes de se deixar envolver pelo seu abraço.
Naquele momento, sem dizer mais nada e abraçada a ele, sentindo-o gelado pelo frio que estava, ela pensou "Sou capaz de me apaixonar seriamente por este homem".
Mas a noite não tinha acabado e era apenas o início de um dia que acabou por se tornar inesquecível.
Pegando nela, levou-a ao centro da cidade para um jantar romantico, num pequeno "bistrot".
Ela mal conseguia comer, tal era a emoção de o ver ali, tremendo de frio no seu fato de trabalho ("nem fui a casa mudar de roupa", tinha ele explicado), com os seus olhos enormes e lindos a olharem para ela por cima do copo de cerveja local.
Os sentimentos misturavam-se no seu coração, pois se por um lado tinha o seu lado superfícial que lhe dizia que ele era feio, "velho", com um passado conturbado, por outro o seu coração e a sua alma só conseguiam ver o homem lindo que ele era, com um charme, humor e um coração que o tornavam irrestível aos seus olhos.
Foi perfeito.
Jantaram, passearam de mão dada pelas ruas da cidade observando as decorações que adornavam ruas e prédios, até que depararam com uma roda gigante mesmo no centro da praça mais conhecida.
- Queres ir dar uma volta? - propôs ele, com aquela sua voz que a derretia e olhando bem dentro dos olhos dela.
- Porque não? Deve ser giro ver a vista lá de cima. - responde ela com entusiasmo, apertando-lhe a mão com mais força.
Abraçando-a, para a proteger de tudo e de todos, bem como para se aquecer, pois não conseguia parar de tremer com o seu fato de outono naquelas temperaturas quase negativas, dirigiram-se para a bilheteira.
Comprou as entradas e foram para a roda.
Quando se sentaram ele confessou:
- Sabes que tenho pavor de alturas?
- Mas... então porque quiseste vir aqui? - pergunta ela surpreendida.
- Porque deve ter uma vista linda e queria estar assim, sentado junto a ti, abraçado, aquecer-te. - foi a simples resposta que ele lhe deu, enquanto os seus olhos sorriam a olhar para ela e a sua boca não parava de rir.
Começaram a andar, a subir, e ela sentia o corpo dele a tremer junto ao seu, sem saber se era pelo pavor das alturas, se era pelo frio que lhe devia entrar pelos ossos, se era pela emoção de estarem juntos depois de tanto tempo afastados.
Para piorar as coisas, para ele, a roda parava a cada 10 segundos, e acabaram por ficar parados no cimo da roda, com uma vista incrível sobre a cidade e os seus arredores, mas igualmente com um vento gelado que entrava nos ossos.
Mas ele não parava de sorrir, abraçado a ela, olhando em volta.
- Uma vista quase tão linda como tu! - Disse-lhe ele.
Ela sentiu um arrepio, mas não de frio, de pura emoção de o ter ali, junto a ela.
- Espero que esta noite tenha servido para te acalmares, relaxares, esqueceres tudo e para perceberes que sempre que precisares ou estiveres em baixo, eu estarei ao pé de ti. - Disse-lhe novamente ele, naquela voz suave que a encantava, enquanto a abraçava e puxava para mais perto de si.
Sem palavras, com o coração a transbordar de felicidade, ela aconchegou-se mais contra ele, tanto para se sentir protegida como para tentar aquecê-lo, pois não podia deixar de se sentir "culpada" de ele estar ali, gelado até aos ossos, para a consolar e mimar.
Abraçando-a mais forte junto ao corpo, ela sentia os seus olhos pousados nela, conseguia perceber o sorriso que lhe dançaria nos lábios e, fechando os olhos, esqueceu onde estava e todos os problemas que a atormentavam pareceram ridiculos e sentiu-se nas nuvens.
Aconchegada nos seus braços, sentindo o calor dos seus corpo e do seu coração, ela percebeu...
Não corria o risco de se apaixonar por aquele homem...
Ela já estava loucamente apaixonada por aquele homem!!!
E quando ele a puxou para cima e beijou apaixonadamente, teve a certeza...
Era o início da sua história de amor!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Tenho de encontrar um anjo

Uma música linda que me enviaram e que a letra... é perfeita para mim!

Gotta find me an angel
To fly away with me
Gotta find me an angel
Who will set me free
My heart is without a home
I don't want to be alone
Gotta find me an angel
In my life

Too long have I loved
So unattached within
So much that I've known
That I need somebody so
Still I'll just go on
Hoping that I'll find me someone

Gotta find me an angel in my life

I know there must be someone, someone for me
I've lived too long without the love of someone
And there's no misery, like the misery I feel in me

Gotta find me an angel in my life
She'll be there, now don't you worry
Keep looking now just keep looking

domingo, 14 de setembro de 2008

Quem sou eu???

Um texto que nos faz pensar, enviado hoje pela mamã:
Nesta altura da vida já não sei mais quem sou... Vejam só que dilema!!!
Na ficha da loja sou CLIENTE, no restaurante FREGUÊS, quando alugo uma casa INQUILINO, na condução PASSAGEIRO, nos correios REMETENTE, no supermercado CONSUMIDOR.
Para a Receita Federal CONTRIBUINTE, se vendo algo importado
CONTRABANDISTA.
Se revendo algo MUAMBEIRO, se o carnê tá com o prazo
vencido INADIMPLENTE, se não pago imposto SONEGADOR.
Para votar
ELEITOR, mas em comícios MASSA, em viagens TURISTA, na rua caminhando PEDESTRE, se sou atropelado ACIDENTADO, no hospital PACIENTE.
Nos
jornais viro VÍTIMA, se compro um livro LEITOR, se ouço rádio OUVINTE.
Para o Ibope ESPECTADOR, para apresentador de televisão TELESPECTADOR, no campo de futebol TORCEDOR.
Se sou botafoguense, SOFREDOR.
Agora, já virei GALERA. (se trabalho na
ANATEL , sou COLABORADOR ) e, quando morrer... uns dirão... FINADO, outros .... DEFUNTO, para outros ... EXTINTO, para o povão ... PRESUNTO.
Em certos círculos espiritualistas serei ... DESENCARNADO,
evangélicos dirão que fui ...ARREBATADO.
E o pior de tudo é que para todo governante sou apenas um IMBECIL !!!
E pensar que um dia já fui mais EU.

por Luiz Fernando Veríssimo.

Are you Lonesome tonight

Gracias B, é mesmo uma das minhas músicas preferidas do Rei.
E perfeita para estes dias.

Are You Lonesome Tonight?
Do you miss me tonight?
Are you sorry we drifted apart?
Does your memory stray
To a bright summer day
When I kissed you and called you sweetheart?
Do the chairs in your parlor seem empty and bare?
Do you gaze at your doorstep
And picture me there?
Is your heart filled with pain,
Shall I come back again?
Tell me, dear, Are You Lonesome Tonight?

I wonder if you're lonesome tonight
You know someone said that the world's a stage
And we each must play a part.
Fate had me playing in love with you as my sweet heart.
Act one was when we met, I loved you at first glance
You read your lines so cleverly and never missed a cue
Then came act 2, you seemed to change, you acted strange
And why I've never known.
Honey, you lied when you said you loved me
And I had no cause to doubt you.
But I'd rather go on hearing your lies
Than to go on living without you.
Now the stage is bare and I'm standing there
With emptiness all around
And if you won't come back to me
Then they can bring the curtain down.


Is your heart filled with pain?
Shall I come back again?
Tell me, dear, Are You Lonesome Tonight?

sábado, 13 de setembro de 2008

Adivinhem

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ODEIO

Odeio o modo como falas e o teu corte de cabelo
Odeio como conduzes o meu carro e como te olhas ao espelho
Odeio as tuas botas e como me vês transparente
Odeio se tens sempre razão e Odeio quando me mentes
Odeio se me fazes rir sem parar e quando me fazes chorar
Mas aquilo que mais Odeio é não conseguir não te amar
in: dez coisas que odeio em ti

Amores e Desamores - 2

Tudo começou quando chegou de férias...
Ao chegar ao aeroporto naquela manhã teve um novo choque de realidade, que a arrancou daquele mundo cor-de-rosa em que ela insistia em viver.
Ela sabia que ele estava a trabalhar, que tinha reuniões, mas algo dentro do seu coração sempre tinha sonhado que ele lhe dizia isso, mas estaria ali, à sua espera, com aquele sorriso radioso, uma rosa e um beijo apaixonado, como anteriormente.
Mas não, efectivamente estava sozinha e depois de levantar as malas foi apanhar o comboio para casa.
Enviou-lhe uma mensagem a dizer que tinha chegado e qual o comboio que ia apanhar e seguiu para casa, que estava cansada, transpirada e queria descansar e tomar um banho que lhe lavasse da alma a tristeza de estar sozinha.
No seu coração alimentava ainda a esperança que ele a fosse buscar à estação, mas efectivamente o dia devia estar muito preenchido e na estação apanhou o táxi para casa.
Não queria estar a pensar muito, pois a realidade é que se ela estava de férias ele não estava, mas algo lhe dizia que as coisas não eram tão idílicas como pareciam e que algo estava mal.
Eram aqueles pequenos sinais de alerta, mas que ela sempre escolhera ignorar, atribuindo tudo isso ao seu romantismo exacerbado e exagerado.
E desta vez não seria diferente, pensou ela enquanto apanhava a chave e entrava em casa!
Ele chegou a casa às 18, cansado, mas mais apaixonado que nunca e lamentando não ter podido estar com ela quando chegara.
Tal como tantas vezes antes, ela não teve coragem de lhe dizer que queria era estar com ele, por isso saíram e foram a um evento no clube, onde ele queria mostrar a namorada... E ela aguentou de cara alegre aquelas 2h de conversa numa língua que ela não entendia e no meio de pessoas que não lhe diziam nada.
Mas o ar radiante dele compensava tudo isso, iludia-se ela, mais uma vez.
O grande "sinal" de que algo tinha mudado, pelo menos para ela, chegou na noite seguinte, véspera do seu aniversário.
É certo que ela sempre lhe tinha dito que não ligava a isso, que já tinha passado os 30 e que aniversários eram coisa de criança.
Claro que, para variar, o que ela dizia era uma coisa, o que sentia era outra, mas ela sempre achara que ele sabia perceber e entender isso.
E especialmente tendo em conta o dia que era!!!
Tinham combinado as coisas para esse dia, mas ele tinha de arranjar maneira de destruir os seus sonhos e ilusões.
Deitada na cama, sem conseguir dormir, na sua cabeça ecoavam as palavras que ele, inocentemente, tinha dito:
- Amanhã, em vez de ires cedo comigo, porque não ficas a dormir e depois apanhas o comboio para lá? Eu não posso almoçar contigo porque tenho uma reunião, mas posso vir contigo e depois jantamos com os miúdos.
Apesar de saber que ele tinha dito isso com a melhor das intenções, pensando nela e que poderia descansar... tudo o que lhe vinha à cabeça era:
- Mas será que ele não sabe que a estação de comboios fica a mais de 40 minutos a pé e que nem sei qual o autocarro para lá? O que vou ficar a fazer em casa sozinha? Porque nem consegue almoçar comigo nos meus anos, dia dos namorados? O que se passa?
Sabia que estava a ser injusta, infantil mesmo, mas não conseguia tirar isso da cabeça e com essas palavras a ecoarem ela não conseguia encontrar o sono.
Era o sinal e ela não o devia ter ignorado, devia ter dito o que sentia, a sua revolta com as palavras dele, mas sentindo que estava a ser infantil, optou por se calar e guardar a mágoa no fundo do coração.
Na manhã seguinte levantou-se cedo e foi buscar as prendas dele, cuidadosamente escondidas, pois mesmo sendo o aniversário dela, era o dia deles e tinha de ser celebrado!
Acordou-o:
- Amor, vi isto e não consegui resistir, pois era a tua cara!!!
Entregou-lhe o postal, cuidadosamente escolhido na véspera na papelaria da esquina, que tinha uns postais deliciosos, o peluche do seu animal preferido, e que ele coleccionava há anos, onde tinha enrolado o relógio lindíssimo que lhe tinha trazido.
O seu ar feliz e surpreendido foi a melhor prenda daquela manhã, apesar de ele ter conseguido estragar o ambiente levantando-se e dizendo:
- Amo-te. E adoro o meu relógio! Mas agora descansa e dorme. Depois vais lá ter e eu apanho-te para virmos jantar com os miudos!
E começa novamente o seu diálogo interior, cego, surdo e mudo para o exterior do seu coração:
- Mas o que se passa???
- Será que ele não vê que já estou acordada e que quero ir com ele e aproveitar os momentos que temos juntos?!
Todas estas questões lhe atravessam a cabeça, mas sem energia para mais nada volta-se a deitar, vendo pela janela o pequeno lago com as suas grandes árvores e pensando que o dia, que ele tinha sonhado ser passado a dois recheado de pequenos gestos, ia ser longo e solitário.
Quando desce, já a meio da manhã, vê que ele tinha estado a enfeitar a sala com cartazes de parabéns e pequenas decorações festivas.
Mas nesta altura a desilusão já se tinha apoderado de tal maneira que nada a animava e, num gesto de raiva, arrancou tudo e arrumou cuidadosamente!
A única coisa que ela queria era passar aquele dia com ele, eram pequenos gestos românticos e... nada daquilo era um gesto romântico!
Sim, porque na sua cegueira, nos seus sonhos e ilusões desfeitos, nada daquilo era considerado romântico.
E daí em diante o dia só piorou e, no fundo, sentia que a culpa era toda sua, pois se tinha dito que não se importava com nada, que não era preciso nada de especial, sempre tinha sonhado que ele ia compreender, que ele ia saber que ela adorava pequenos gestos e atenções nesse dia.
Por isso como o podia culpabilizar de ser cego e surdo?
Simultâneamente, não tinham falado tantas vezes dos outros anos, dos outros namorados e das suas "falhas "naquele dia?
Não lhe tinha ele prometido que nunca seria assim?
De tarde o seu telefonema, mais uma camada de "boa disposição" para o aniversário mais solitário de que se recordava:
- Amor, estou atrasadíssimo, as coisas estão demoradas, apanho os miúdos e encontramo-nos no Mac? Ainda bem que não vieste, pois acho que não conseguia dar-te boleia... Amo-te muito e PARABÉNS!
Fabuloso!!!
Mesmo o que se sonha para passar o dia de anos.
O monstro estava completamente solto, estava cega de tristeza, dor, desilusão e só lhe apetecia agarrar nas malas e ir embora.
E por uma coisa tão pequena!!!
Lá se encontraram ao fim do dia e foram ao Mac, e depois regresso a casa, deitar os miúdos e "relaxar" na sala, enquanto ele procurava casas na Internet.
Surpresas? Nada!
E sentada no sofá ela não conseguia deixar de olhar para ele e pensar porque é que será que ela tinha de viver sempre no seu mundo de fantasia e não conseguia viver no mundo real?
Ele olhava para ela sem perceber o que se passava e ela, cada vez se afundava mais no seu silêncio, na sua decepção, na sua tristeza de perceber que, mais uma vez, todas as conversas, todas as coisas faladas entre eles, todas as suas ilusões e devaneios românticos.... tinham caído em saco roto.
Tinha imaginado tantas possibilidades românticas com que ele a surpreenderia... um bolo surpresa no Mac, com os miúdos, ou uma rosa, um postal, ... algo!!!
Mas não.... o dia tinha sido muito ocupado para que ele desse importância ao aniversário que ela escolhera passar com ele.
- Vou-me deitar!- disse-lhe ela passado um bocado, derrotada pela ausência de uma prenda, um gesto simbólico... algo!!!
- Já?! Ok, eu já vou! - a surpresa na cara dele demonstrava que não se apercebia de nada, e isso enfurecia-a tanto!
Despiu-se e deitou-se, triste, desiludida, devastada com a forma como o dia tinha passado, ela que tinha sonhado tanto com aquele dia.
Ele subiu e cuidadosamente sentou-se ao lado dela, estendendo-lhe um pequeno embrulho, que ela nem precisou de abrir para saber o que era.
- Nem me deixaste dar-te a tua prenda de anos! - diz-lhe ele, como quem pede desculpa.
Sem sequer a abrir, agarra nela e coloca na mesinha.
- Obrigada! - diz. controlando-se para que a dor e desilusão não transpareçam, pois afinal ele não sabia o quanto a tinha desiludido, não só ao longo do dia, mas especialmente com aquela prenda!
- Não abres?
Fazendo um esforço, lá abre a prenda e, surpresa, era algo que já tinha (afinal era coleccionadora).
Era demais para as forças dela!!!
Por mais que tentasse, por mais que quisesse ser justa... aquela prenda era demais!
Sempre tinha dito que ele a conhecia melhor que qualquer outra pessoa, tinham falado tanto, ele devia conhecer tão bem e, aparece-lhe com uma prenda que qualquer pessoa que não a conhecesse podia ter comprado?
Onde estava aquele homem das rosas no aeroporto? Do DVD de lareiras e do tapete felpudo no chão?
Onde estava o namorado que a tinha surpreendido com uma pulseira antes de ela ir de férias, para que ela a usasse a pensar nele?
- Não gostas? Já tinhas? - pergunta ele, ansioso com a sua prenda.
- Gosto, e não tinha. - responde, tentando fazer uma cara alegre, mas as forças escapavam.
- Mas o que se passa? O que tens? - pergunta ele, sabendo que algo se passa.
- Gostava de ter passado mais tempo contigo, queria ter podido organizar as coisas para passarmos o dia juntos, mas como disseste que não fazia mal, aproveitei para avançar as coisas no trabalho.
Estas palavras ainda vieram reforçar mais a sua convicção que algo ia mal, pois sabia que lhe tinha dito que não fazia mal e escusava de estar a faltar ao trabalho por causa dela, mas ele esperava o quê?! Que ela lhe dissesse que faltasse ao trabalho para passarem juntos o dia de anos dela?! Isso não se pede, faz-se, se houver interesse.
- Paulinha, diz-me o que tens que estou preocupado. - repete ele com carinho.
E na cabeça dela desfilavam as prendas que tinham falado milhares de vezes, os gestos românticos que tinha idealizado... e a realidade do que tinha recebido e do dia que teve.
Não a interpretem mal, não é uma pessoa materialista! Mas era o dia deles E o dia dos anos dela!
- De todas as prendas que me podias ter dado, escolheste a que menos significado tem para mim, pois é a que qualquer pessoa que não me conheça pode dar, sabendo que iria sempre gostar! - responde ela, triste e querendo estar sozinha.
- Não digas isso! Nem sabes o que corri para a encontrar, porque é algo que coleccionas. - responde ele, começando a perceber a sua tristeza.
- Andei de uma ponta à outra para te encontrar isto, e só hoje é que percebi que podia encontrar em qualquer lado, mas acredita que não sabia e que até falei com amigos do comité olímpico - continua ele, tentando explicar o porquê.
- Sei que falhei em não te ter dado nada no nosso dia, principalmente sabendo que odeias prendas "duplas" e depois da prenda que me deste e que eu adoro, mas não conseguia pensar em nada e estava com pouco tempo - continua ele, cada vez se "enterrando" mais e cada vez mais infeliz!
Neste ponto ela já estava de rastos, sentia-se injusta e ingrata por estar desiludida com aquele dia, com aquela prenda, com o facto de ele a conhecer tão mal que nem percebia que ela não queria uma prenda "pedida" ou um dia organizado por ela, mas que queria surpresas, romance, mistério.
E acima de tudo não queria discutir com ele, nem queria ver a tristeza nos olhos dele, pois ele não tinha a culpa de ela ser assim.
- Está tudo bem, foi só a surpresa. Fiquei triste com a prenda porque esperava algo diferente, mas percebo que me quiseste surpreender e o trabalho que tiveste. Não ligues, deve ser da idade.
A tristeza dele, ao perceber a dor dela, foi algo que a magoou mais do que qualquer acção ou pensamento que tivesse tido, pois não conseguia desviar de si a ideia de que estava a ser extremamente injusta com ele!
Conversaram durante um grande bocado, ele explicando o trabalho a encontrar a prenda, ela escutando tudo e tentando não deixar transparecer a dor que sentia por ter finalmente compreendido que a vida real é muito diferente da vida que se sonha.
Quando finalmente adormeceu, ela continuou acordada por muito tempo e, pela primeira vez desde que namoravam, só pensava no quanto queria estar em casa, junto dos seus, e no quanto se sentia sozinha ali.
Hoje, sentada em frente ao mar, recordando este episódio, ela só pensava que devia ter percebido que as coisas iam acabar, pois ficou claro que ele nunca a compreenderia, nem ela seria capaz de viver aquela vida de aparente "normalidade".
E por mais que falassem de tudo, ele nunca perceberia que há coisas que uma mulher não diz ou pede, mas que sonha que a surpreendam com elas!!!!
Especialmente se essas coisas dizem respeito a gestos românticos, datas importantes, eventos marcantes!
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