quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Infelicidade vs Felicidade

"O segredo para ser infeliz é ter tempo livre para se preocupar se se é feliz ou não"
Shaw, Bernard
"O que se consegue de borla custa demasiado"
Anouilh, Jean

Dois pensamentos que me trazem tantos outros à cabeça.

Sou infeliz porque tenho tempo de pensar se sou feliz ou não.
Sou infeliz porque não tenho o que me ocupe a cabeça e o coração e como tal posso dedicar-me a procurar a infelicidade.
A realidade é que quando estamos ocupados, quando o dia parece não ter horas suficientes para tudo o que queremos fazer ou para estarmos com quem queremos estar... nunca paramos para pensar se somos felizes ou infelizes.
Vivemos e encaramos essa vida como uma forma de felicidade.
Só quando um dia, por qualquer motivo, temos de parar... é que começamos a pensar se somos felizes ou infelizes e, muitas vezes, chegamos à conclusão que somos infelizes.
Fazemos muita coisa para não assumirmos que somos infelizes?
Talvez seja o caso para algumas pessoas.
Eu sempre tentei fazer muita coisa que me deixasse feliz e como tal não tinha tempo para pensar em infelicidades.
Era infeliz por fazer coisas demais?
Muitas vezes podia ser o caso, mas com tanta coisa a acontecer na vida, quem se pode dedicar a pensar em ser infeliz.
Mas, se tivermos tempo livre, se pensarmos e chegarmos à conclusão que somos infelizes e que temos demasiado tempo para pensar nisso... a cura é simples:
ARRANJEM COISAS PARA FAZER E COM QUE OCUPAR O TEMPO!!!
Se possível coisas que gostem, que vos façam felizes, que vos motivem.
Desta forma, não só são felizes, como deixam de ter tempo para pensar na vossa infelicidade.
Eu sei que é o que eu faço - e já tive tempo de sobra para meditar na minha infelicidade, agora é tempo de viver, ser feliz e... não ter tempo de pensar em infelicidades.

O outro pensamento, é algo que sempre me acompanha na vida.
Não sei, nunca foi do meu feitio pedir ou aceitar coisas de borla.
Talvez porque tive tantas situações na vida em que me "atiraram à cara" essas ofertas "de borla" que eu prefiro pagar pelas minhas coisas.
Dizem que "quando a esmola é muita o pobre desconfia" (hoje estou virada para os clichés), mas a verdade é que quem acredita que as coisas de borla não tem um preço... é ainda mais ingénuo que eu (e é difícil).
Podia dizer que ouvi demasiadas vezes "sabes quanto isso custou", ou "se soubesse não te tinha dado isso", ou ainda "lembras-te de te ter dado aquilo".... e que isso me deixou um pouco cínica em relação ás coisas de borla.
Podia dizer que como sempre procurei as minhas coisas e fazer as coisas por mim, tenho tendência a não ver que posso ter coisas de borla...
mas a verdade é que, pela minha experiência, o simples facto de aceitarmos uma coisa de borla coloca-nos em duas situações:
- ou é uma falsa borla, porque a pagamos disfarçadamente, e/ou é algo de baixa qualidade;
- ou é algo que nos vai colocar em dívida (nem que seja moral) para com a pessoa que nos deu...
Por alguma razão em altos cargos não se podem aceitar ofertas (como se alguém respeitasse isto...) - hoje em dia ninguém dá nada a ninguém sem esperar algo em troca.
Transformamos o acto de dar algo num negócio, seja em termos pessoais, familiares ou profissionais.
Hoje em dia vê-se o valor do que se dá em vez da oferta em si, comparam-se ofertas...
Deixou de se oferecer algo especial porque "era a cara dele(a)" para se passar a oferecer algo que "não fique mal" ou "que ele(a) veja que podemos dar" ou ainda para que "daqui a amanhã precisamos dele(a) e não quero que pense que somos forretas"...
Por isso é que, para mim (cínica em relação a isto, ou "escaldada") as coisas de borla podem ter um custo demasiado elevado...

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