terça-feira, 2 de setembro de 2008

Fugir

Às vezes só me apetecia que fosse possível realmente fugir e estar na minha nuvem, sozinha, a ver o mundo e as pessoas que passam dentro dos aviões, algumas fugindo também para locais exóticos ou diferentes, outras fugindo de si, dos seus problemas, da sua vida.
Gostava de poder realmente fugir deste mundo terreno, que apesar de ter tanta beleza está repleto de falsidade, de hipocrisia, de interesses pessoais, políticos, ambições desmedidas.
Um mundo onde não se sabe amar, onde se procura o interesse, o prazer imediato e instantâneo e se evitam discussões, comunicar, partilhar.
Tal como muitas outras pessoas, eu também tenho os meus momentos.
Aqueles em que acho que sou forte, invencível, linda, "poderosa", mas depois há os outros, de solidão, de fraqueza, de tristeza, de doença, em que descubro os verdadeiros amigos ou a força de um amor.
Tenho os momentos em que adoro o que faço, acho que nada me consegue derrubar, e depois tenho os outros, em que me encontro caída no chão, a odiar o que tenho de fazer para sobreviver.
E nesses momentos gostava de estar na minha nuvem, aquecida pelo calor do sol na ausência de braços que me confortem, observando as coisas, mas distante, sem as sentir, sem as viver.
Mas como não se pode viver numa nuvem, fica a intenção de fuga, uma e outra vez adiada, uma e outra vez superada pela força de viver, de ser mais forte que o cinismo e mentira que me rodeiam.
A cada vontade de fugir fica o optimismo que amanhã será um dia melhor, que amanhã o sol brilhará e vai conseguir aquecer-me, mesmo estando longe da minha nuvem, mesmo sem observar os aviões que passam, mesmo sem conseguir fugir...
E a cada grito de liberdade, a cada grito de "Foge!" vai renascer a esperança de encontrar aqueles braços que me vão fazer querer ficar e enfrentar a vida, como ela é em vez de como eu gostava que fosse!!!

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