sexta-feira, 20 de junho de 2008

Amar e Recomeçar

Hoje devia estar feliz... mas neste momento não estou.
Achava que era forte, que estava a crescer, que estava a conseguir vencer as mágoas... mas no final não foi, mais uma vez, senão uma representação, uma ilusão.
Que acabou, como se acaba uma peça quando cai a cortina no teatro.
Tento, tentei esquecer que me tinham partido o coração como ninguém o fez nunca.
Fiquei preocupada com a tristeza que senti do outro lado do ecrã pela morte súbita do melhor amigo.
Com a tristeza pela vida que se alterou.
E mesmo sabendo que nunca sentiu essa tristeza pelo que eu sofri, pela minha partida, achei que tinha esquecido, que tinha vencido a dor.
Achei que conseguia ser o ombro amigo, a pessoa que anima, faz sorrir.
Como sempre fiz com toda a gente à minha volta, também hoje achei que conseguia vestir o papel de palhaço, que com o coração despedaçado faz rir os outros.
E então, pela primeira vez em meses, sentei-me, escrevi, troquei mensagens, mails. Ouvi falar, deixei desabafar os sentimentos (na medida do possível para quem sempre escondeu e sempre quis guardar o controlo).
E até me estava a sentir bem!
Sentia-me como "uma pessoa crescida" que consegue dar à volta ao que viveu.
Mas no meio de tudo, no meio da brincadeira para animar o outro lado.... apareceram algumas indirectas... algumas referências (acredito que inocentes e sem maldade - afinal, eu não estava com a minha "pele" de palhaço vestida?!) ao que vivi, a situações românticas criadas no passado.
E aí... veio a triste realidade.
O desiquilibrio da minha nuvem...
Desapareceu o sorriso de quem estava a conseguir ter uma conversa "normal".
Desapareceu a satisfação de estar a animar o outro lado, a fazer esquecer a dor pela perda do amigo.
E ficou novamente a dor. A tristeza. A incomprensão.
Ficou aquela noção de que ainda não "cresci" o suficiente para conseguir ignorar algumas dores.
Ainda não consigo ser aquele ombro que foi maltratado, chicoteado, mas mesmo assim está lá para apoiar nos momentos difíceis.
Depois daquela alusão, ficou aquele sentimento egoísta de... e quando eu precisei de ti, onde estavas?
Quando me partiste o coração, pisaste, atiraste os bocadinhos ao vento, onde estavas?
Mas tal como chegou, essa dor passou.
São momentos, são recordações, é passado!
O que conta é poder ser "maior" que isso e poder ajudar os outros, independentemente de ser uma ajuda unilateral, independentemente do que nos fizeram.
Não sou Jesus ou uma santa. Não dou a outra face! Tenho pés de barro!
Mas vou aprender a superar estas coisas.
Vou conseguir aceitar que todos temos lados bons e maus e que os lados maus magoam as outras pessoas.
E vou aprender a superar essa mágoa.
Porque ela vai ficar para sempre. É uma cicatriz que vai sempre marcar o meu coração e a minha alma.
Mas eu vou aprender a não a deixar reabrir a ferida!!!
Tal como sempre enfrentei os meus medos... também neste caso vou enfrentar a faca que me cortou.
E vou viver feliz!!!
E vou falar com ele e ajudar sempre que precisar. Por mais que doa.
Porque sou assim... e há coisas que não adianta negar, pois nunca vão mudar.
Basta encontrar um novo rumo!

1 comentário:

Zé dos Anzóis disse...

...O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso

Elogio ao Amor.

Como são sabias as palavras do MEC.
Um Beijo
Za

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