terça-feira, 24 de junho de 2008

Amar

A distância é para o AMOR como o vento é para o fogo... apaga o pequeno e aviva o forte...

Esta foi a frase que me enviaram hoje e que despertou, novamente, todos os pensamentos sobre amar, amor, distância, etc.
Antes de mais fez-me perceber que realmente o fogo que havia do outro lado era pequeno, muito pequeno, pois apagou-se com a distância e os factores a ela inerentes.
Mas por outro lado fez-me pensar em amor e amar e no porquê de nunca se amar a pessoa "certa"...
Não nos apaixonamos pelas pessoas perfeitas (senão os que não fumam, não bebem, são dedicados, etc... tinham uma fila de pretendentes do tamanho do mundo), mas será que a paixão é pela pessoa com todos os seus defeitos, ou pela pessoa e pelas qualidades que queremos ver nelas?
Idealizamos uma pessoa (ou idealizam por nós, nos "conceitos" da sociedade em que nos integramos), mas será que essa pessoa ideal é a que nos faz ficar acordado à noite com saudades? A que nos faz brilhar os olhos? A que nos faz acreditar que tudo é possível? Será que a nossa pessoa ideal nos faz sentir ... vivas?
Quando estamos apaixonados esquecemos o mau e só vemos o lado bom, mas a verdade é que o amor (e aqui distingo amor da paixão) não escolhe qualidades ou defeitos.
O Amor, com letra Grande, não olha a essas pequenas coisas, não olha à beleza exterior, não olha aos defeitos, ás diferenças de carácter, de origem, de raça, credo, ascendência, educação, conceitos da sociedade, etc.

Amar alguém...
É amar a pessoa, os seus defeitos, as suas virtudes, o seu exterior e o seu interior.
É sentir saudade do seu olhar, do seu toque.
É saber que é alguém feio e mesmo assim parecer a pessoa mais bonita do mundo.
É saber que gostamos de branco e ele só gosta de preto e mesmo assim "derreter" quando ele aparece.
É gostar de praia e ele gostar de campo e mudar de vida porque sentimos falta daquele toque que nos faz esquecer tudo o resto no mundo.
É gostar de sossego e ele gostar de farra e de não poder passar sem aquele olhar ao chegar a casa.
É saber que ele é completamente errado, não pensa da mesma forma, não gosta das mesmas coisas, e mesmo assim sentir que nos completa!
É gostar de clássicos e ele gostar de moderno e mesmo assim estarmos bem quando estamos perto dele.
É gostar de romance e ele gostar de terror e conciliarmos as duas coisas lado a lado, juntos!

Mas amar não é fácil. Não é para qualquer pessoa.
Procuramos o amor em todos os lugares errados e passamos ao lado dos lugares "certos".
Procuramos o amor nas pessoas que encontramos e nem olhamos para as que nos procuram, sem percebermos que o amor não se procura.
Mas o Amor existe, e aparece quando menos se desejar ou procurar. E vai deixar para sempre a sua marca!
Só precisamos aprender que o amor não nasce e cresce sem trabalho, sem investimento, sem DAR.
O Amor, tal como se pode depreender da frase que me enviaram e com que iniciei esta "divagação" é como uma fogueira ao vento.
No meu caso a distância causou um temporal que apagou o fogo do outro lado, mas há tantas outras coisas que apagam o fogo do amor.
A incompreensão, a falta de humildade, o querer ter razão e ganhar, o egoísmo, são apenas alguns dos factores que fazem apagar o fogo do amor.
Se nos apaixonamos e acabamos por amar as pessoas que são "erradas" para nós, que são o nosso "oposto", que estão cheias de defeitos e lhes faltam as "qualidades" que ambicionávamos, então é porque essas pessoas nos completam de alguma forma. Nos fazem sentir bem connosco e com o mundo. E é isso que devemos realçar e valorizar!
Mas temos de perceber que eles nos completam e trabalhar para compreender e aceitar isso, senão chegamos a um ponto em que em vez de nos completarmos vamos chocar. E aí, se não houver cedência mutuas, não há amor que chegue.

Amar é ceder, é partilhar, é complementar, é alimentar o fogo e proteger dos ventos (distância, "amigos da onça", problemas externos, etc.).
É percorrer em conjunto o caminho da vida que se escolher.
É dar liberdade ao outro de crescer como pessoa, mas estar lá para apoiar nas quedas, para empurrar quando começa a estar cansado.
É conseguir apontar os defeitos sem julgar, sem criticar - pois foi pelos defeitos que nos apaixonamos e que amamos a pessoa, não pelas qualidades.
Amar o outro só pelas suas qualidade não é amar!!!
Amar é estar com a pessoa e todos os seus defeitos e mesmo assim suspirar ao pensar naquele passeio, naquela tarde enroscada no sofá, naquele gesto romântico, naquela flor oferecida à chegada.
Amar é saber que o outro é egoísta e individualista e mesmo assim apreciar os pequenos gestos e aceitar essa forma de ser.
É aceitar que no amor há espaço para uma vida a dois, mas acima de tudo para o crescimento individual.
Não se pode amar sufocando, exigindo, invadindo o espaço do outro.
Só se pode amar quando se compreender que o que nos atrai na outra pessoa, os seus "defeitos", as suas "diferenças", precisam de ter o seu espaço, a sua liberdade. Senão vamos matar tudo isso... e acordamos um dia a perceber que... já não há nada!

Mas amar, tem de ser a dois.
Porque amar e amor unilateral, não é nada!
É obsessão, é doença, é solidão, é paixão, irracionalidade!
Amar é, como dizia o poeta, fogo que arde sem se ver.
E uma fogueira só existe se houver madeira, se houver alimento, se houver protecção contra o vento e as intempéries da vida quotidiana e a dois.
Senão... os ventos da vida acabam por demonstrar que não era amar, pois a fogueira apaga-se e morre.
Tal como nos incêndios, pode deixar alguns focos espalhados, pode reacender de vez em quando, mas acaba por se extinguir, pois não era amor!!!

Há que estar atento aos sinais.
Não procurar o amor, mas ver quem acende a nossa fogueira e se vale a pena alimentar esse fogo, proteger, acarinhar...
Não analisar (o amor não é racional), mas tentar perceber se é o fogo do amor ou se em vez de uma fogueira se trata de um incêndio de proporções incalculáveis, mas que vai acaba por se apagar de forma mais ou menos rápida, deixando atrás de si um rasto de devastação.
Que não haja ilusões - o fogo é uma coisa belíssima. É lindo olhar as chamar, ver o brilho das labaredas.
Mas será que preferimos um incêndio devastador, que mata tudo no seu caminho, que deixa um rasto de destruição e morte que demora anos a recuperar; ou preferimos uma fogueira, um belo fogo que podemos alimentar e ver crescer, que podemos sentir a diminuição da chama em algumas alturas, mas que sempre estará presente para nos aquecer quando precisamos, para nos confortar quando temos frio, para nos aconchegar naqueles momentos mais especiais da nossa vida, com o seu calor e a sua beleza constante e discreta?
Pessoalmente, tive alguns incêndios devastadores na minha vida, mas continuo a acreditar que a minha fogueira está por aí, só preciso que ela descubra o caminho até mim!

1 comentário:

Anónimo disse...

vou a caminho, e se demoro mais tempo é devido a esses idiotas que teimam em me apagar só porque estamos na epoca dos fogos..
...eu mesmo a caminho...

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