segunda-feira, 2 de junho de 2008

Metade de mim

Ao ouvir novamente a poesia "Metade" pensei em mim, como sou, e em todos os contrastes e contradições que me caracterizam.
E na realidade que é ter duas pessoas (ou metades) a coexistir no mesmo corpo.
Não me considero louca, psicótica ou maníaca por ter metades tão distintas e dispares dentro de mim (talvez algumas pessoas assim pensem), mas sei que muitas das vezes as metades entram em choque, em conflito.
Lembrei-me igualmente na vez em que um entrevistador me falou da energia que gastava a tentar ser a pessoa que todos queriam que fosse, em vez da pessoa que realmente sou. Pensando nisso, acredito que é a energia que gasto em deixar que uma metade domine a outra, em vez de se assumirem como metades!
E tentei fazer uma análise do que sou, de que metades ou feita.
Complicado - é mais fácil ouvir falar os outros.
Mas pelas experiências de vida que tive até agora, eis algumas "das metades" que encontrei dentro de mim:
  • Metade é paixão, a outra é razão.
  • Metade é desejo de ser amada, a outra é medo desse amor.
  • Metade é extroversão, a outra introversão.
  • Metade é perfeccionismo, a outra é medianismo.
  • Metade é resignação, a outra é procura.
  • Metade de mim é calmaria, a outra tempestade.
  • Metade de mim é discreta, apagada, a outra é exuberante.
  • Metade é simplicidade, a outra é luxuosa.
  • Metade é insatisfeita, a outra também (hehehehe - esta enganou)
  • Metade de mim é aceitação das imperfeições, a outra é combatê-las.
  • Metade é procurar mais e melhor, a outra é incerteza de o merecer.
  • Metade é profissional, a outra profissionalismo em demasia.
  • Metade de mim quer ser feliz, a outra metade acha que não o mereço.
  • Metade de mim acredita em fadas e príncipes encantados, a outra metade cai sempre da nuvem.
  • Metade de mim acredita que as pessoas mudam e evoluem, a outra sabe que não é tão simples.
  • Metade de mim vive para a família, a outra só quer fugir para longe.
  • Metade de mim e diplomática, a outra é brutal.
  • Metade de mim quer ser reconhecida, a outra quer passar despercebida.
  • Metade de mim deseja os momentos de loucura, as paixões momentâneas, a outra arrepende-se amargamente desses momentos.
  • Metade de mim é optimista, a outra chama-me à realidade.
  • Metade de mim acredita na bondade das pessoas, a outra demonstra que é mais um conto de fadas.
  • Metade de mim acredita que se faz as coisas por amor (família, trabalho, desporto), a outra demonstra que o único tipo de amor que existe e pelo qual se fazem as coisas é o amor próprio e pessoal.
  • Metade de mim adora partilhar as suas coisas, a outra detesta quando abusam disso.
  • Metade de mim não dá valor às coisas materiais, a outra tem medo de não as possuir.
  • Metade de mim é solidão, a outra desejo de companhia.
  • Metade de mim é sedução, a outra é discrição.
  • Metade é livre, a outra presa a valores e laços familiares.
  • Metade é feliz, a outra insatisfeita.
  • Metade de mim perdoa tudo por amor, a outra não esquece e acaba por anular o perdão.
  • Metade de mim vive numa nuvem, a outra não sai do chão.
  • Metade de mim é paciente e acha que o tempo tudo resolve, a outra quer tudo para ontem.
  • Metade de mim é honesta e sincera, a outra é brutal nessa honestidade.
  • Metade de mim vive para o que faz, a outra preferia fazer para viver.
  • Metade de mim acredita que serei jovem para sempre, a outra metade é idosa há anos.
  • Metade de mim está em constante mutação e evolução, outra agarra-se aos valores e coisas.
  • Metade é desleixada e gosta de roupa larga e desportiva, a outra gosta de roupa feminina e elegante.
  • Metade de mim é bem-disposta e está sempre a rir, a outra tem um incrível mau-feitio.
  • Metade de mim é terrivelmente e incrivelmente tímida, a outra aprendeu a "esconder" isso por trás de uma boa representação de pessoa extrovertida.
  • Metade de mim é superficial, a outra é demasiado profunda.
E no meio de tantas outras metades e características contraditórias...
Está aquilo que compõe o meu EU.
Amem-me, odeiem-me, mas aceitem que sou assim.
E que é complicado mudar mais, porque há sempre uma metade que está a mudar!!!
Acima de tudo compreendam que se eu consegui aceitar que sou assim, consegui ser feliz, também devem ser felizes por mim e por eu ser assim - sempre em mutação, em evolução.

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