quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Palavras soltas

Sentia-se atolada em palavras, em pensamentos, emoções que precisava desesperadamente transmitir, eventualmente da forma mais fácil para ela, escrevendo.
Mas os dias passavam e, sem fazer nada, não conseguia transmitir aquilo que lhe inundava a alma.
Adorava escrever, mas parecia que nem conseguia começar.
Nunca tendo sido pessoa de escrever ou de manter diários, ultimamente sentia esta necessidade de escrever, mas decididamente não fora feita para a escrita e era realmente muito complicado conseguir ter a disciplina para escrever, mesmo sendo as suas coisas pessoais, sendo os seus sentimentos e emoções.
Deitada na cama, em mais uma noite sem conseguir dormir, as ideias atropelavam-se na sua cabeça e ela rebolava de um lado para outro, tentando silenciar tudo o que se atropelava na sua cabeça.
Pensou em arranjar um gravador, pois seria mais fácil gravar o que sentia e depois, um dia, com calma e cabeça passaria tudo ao papel.
Mas sabia que era uma "solução" impossível, pois se a cabeça fervilhava com as palavras, a boca permanecia teimosamente fechada!
É verdade que desde que começara a escrever sentia ainda menos necessidade de falar, era ainda mais complicado transmitir por palavras tudo o que se passava no seu coração e na sua alma.
Mas por vezes sentia-se assustada, com a força da suas emoções e das palavras que teimavam em querer sair , sendo que a boca permanecia teimosamente fechada, como que engolindo dentro dela tudo o que lutava por sair.
Nem para ela, nem para gravar e registar o que lhe inundava a alma conseguia que a boca se abrisse e libertasse aquelas palavras que rodopiavam e rodopiavam dentro da sua cabeça!
Nem assim ela conseguia extravasar as emoções, deixar sair em catadupa aquelas palavras que teimavam em não a deixar dormir, em a "atormentar" diariamente, pedindo para serem passadas ao papel, para serem libertadas e dadas a conhecer ao mundo e a quem a rodeava e afectava.
Rodou para o outro lado e pensou em dizer as coisas em voz alta, talvez assim conseguisse adormecer.
Como sempre, a boca permanecia fechada, enquanto as palavras gritavam cada vez mais alto dentro dela.
"Amanhã, amanhã escrevo um bocadinho.", pensou ela, tentando "comprar" o silêncio das palavras, a tranquilidade para mais uma noite de insónia.
Repetiu o pensamento várias vezes, enquanto rebolava na cama de um lado para outro, talvez resultasse, como contar carneirinhos.
Finalmente foi vencida pelo cansaço e conseguiu adormecer.
Ou talvez o seu "suborno" de escrever no dia seguinte tivesse resultado.
Mas enquanto dormia sabia que amanhã seria novamente um dia de luta, de um lado as palavras que queriam sair e libertar-se da sua alma, do outro os dedos que se recusavam a escrever e a boca que se recusava a falar.
E nesta batalha diária, quem seria no final o vencedor da guerra?

1 comentário:

O QUATORZE disse...

Boa Tarde

No meio de tantas palavras,
Sonhadas ou imaginádas,
Algumas coisa haveria ficar,
Das palacras mal sonhadas.

Amizade
LUIS 14

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