quinta-feira, 20 de março de 2008

O sol brilha

Finalmente parou de chover e voltou o sol.
Ainda não voltou a brilhar a 100% no meu coração (há que ser honesta) e ainda não me tirou o frio e o gelo que se me entranham nos ossos há demasiado tempo, mas voltou a fazer sorrir, a trazer esperança e acima de tudo a dar beleza às coisas que nos rodeiam.
As nuvens vão-se afastando (o não fazerem perguntas nem me "obrigarem" a falar sobre o que se passou também ajuda) e os primeiros raios de sol começam a entrar no coração, e na vida.
E hoje estive na praia!!!
É uma coisa que sempre me ajudou em todos os momentos da vida e que já não me lembrava como pode acalmar a alma.
Mesmo não podendo ainda surfar (sim, sim... para além de algumas outras razões, ainda estou a aprender e continuo agarrada ao meu bodyboard), dá uma paz e tranquilidade à alma que nenhum outro sítio consegue dar.
E junto ao mar, vendo as ondas e as nuvens no céu, o sol a brilhar... tudo parece tão relativo, tão pequeno, tão sem importância.
Lembrei-me da paixão que sempre tive, desde criança, pela praia.
Dos dias de Verão que passava na praia com o grupo de amigos, das escapadelas da escola para ir até à praia (até ser apanhada e ter levado uma tareia enorme por mentir), de agarrar na mota ou no carro e ir namorar para a praia, ou simplesmente passear à beira-mar quando estava mais triste ou algo corria mal, de ir ler para a frente da Praia Grande, só para estar a ver o mar...
Lembrei-me do meu primeiro desgosto amoroso (quem nunca esquece o primeiro amor)... e como os meus amigos me ensinaram a fazer bodyboard (que para mim foi uma forma de vencer o meu medo das ondas maiores) e isso me ajudou a superar a dor. O gozo que era irmos para a água e tentar apanhar ondas. Cheguei ao ponto de passar noites no parque de campismo da Praia Grande com uma amiga (quando tinha casa perto), só para estarmos mais perto da praia e estarmos na água logo ao amanhecer. As quedas, os "enrolanços", as pranchas partidas... coisa de "loira" mesmo... ou de "cota" a querer ser nova (sim, foi também a altura da minha primeira mota... a minha linda XT que vendi quando saí dé Portugal).
Com o passar dos anos, a ida para o sul de França (onde não há ondas e o mar é lindo, mas estático) e as cargas de trabalho (sim... sou uma daquelas "workaholics" da pior espécie, que se acha insubstituivel e a melhor do mundo...), o mar e a praia foram sendo, aos poucos, relegados para segundo plano.
Também devo admitir que folgava aos fins de semana e sempre detestei ir para a praia nessas alturas, com os milhares de pessoas à procura de um raio de sol e as romarias das famílias... e sempre me senti "envergonhada" de querer aprender a surfar com a minha idade (sim... coisas de "cota"), apesar de conseguir levantar-me às sete da manhã (coisa que sempre me custou quando era para trabalhar ou mesmo para ir para os centros de treino) e estar lá ao nascer do sol, entrar na água e relaxar (muitas vezes nem era para apanhar ondas... só para estar em cima da prancha a aproveitar aqueles momentos de tranquilidade). E quando chegavam os grupos... era a minha hora de partir.
Mas até isso fui deixando de lado... outras coisas e "valores" se sobrepunham. E depois o grupo de amigos actual não gostava de surf, praia era para "torrar"... fui esquecendo osignificado que a praia e o mar sempre tiveram para mim.
De tal forma, que ia trocar o meu belo país por outro, sem as nossas praias, sem o nosso sol (estava a tentar convencer-me que conseguiria algum dia viver longe do mar)...
Mas hoje... ao ver o mar, ao ver a praia quase deserta, ao conseguir ler o meu livro sossegada... recordei tudo.
O prazer de estar à beira-mar a ver o por do sol, o prazer de estar na praia à noite... a ouvir o barulho do mar, ao nascer do sol... numa praia deserta no inverno, ...
E acima de tudo... recordei o prazer que me dá estar na água com a minha prancha... a relaxar... e o quanto isso me ajuda a esquecer tudo o resto na vida que, se pensarmos bem, não terá importância nenhuma daqui a algum tempo.
Tudo na vida passa... mas uma coisa fica - o MAR.
Sempre diferente, sempre em mutação, sempre belo, sempre com os seus perigos escondidos, sempre respeitado, mas sempre... sinónimo de paz de espírito.
Da próxima vez que algo vos "atormentar" o espírito, não vos deixar estar em paz ou simplesmente precisarem de relaxar e pensar... experimentem ir até ao mar, uma praia que gostem... e ficar só a ver mutações do oceano, ouvir o som da água, das ondas.... vão ver que saem de lá com outra disposição.
Eu sei que saio sempre!

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