sábado, 12 de abril de 2008

Medo

Hoje tive, talvez não pela primeira vez... mas mais uma vez, noção do quanto é efémera a nossa vida… e do peso que as nossas acções (ou ausência delas) pode ter nas pessoas que nos rodeiam.
Do medo que sentimos com a hipótese de perder alguém que nos é muito querido ou próximo!
E de como é difícil viver sozinho, ou estar perto de alguém que viva sozinho.
Apercebi-me do medo, do receio que a minha família (especialmente a minha mãe e madrinha) têm por a minha avó morar sozinha.
A ansiedade que se gera quando não há resposta no telefone, quando não sabem onde ela está ou o que está a fazer... pois vive sozinha, tem uma certa idade (apesar de ela só usar esse argumento quando lhe convêm mais... é esperta a minha avó) e se lhe acontece alguma coisa... como é que os outros vão saber?
Também eu tenho a minha mãe e o meu pai a viverem sozinhos... e detesto pensar que algo lhes pode acontecer e eu não sei ou não posso ajudar!
É verdade que nunca tinha pensado muito nisso até hoje (estou tão habituada a viver sozinha, a andar sempre com o telefone, ...), mas a verdade é que quem mora sozinho deve ter algumas precauções - para não causar MEDO aos seus próximos.
O meu pai... está sempre a ser contactado por amigos, conhecidos, alguém próximo. Mas tem a mania que é forte, que não precisa de ajuda... Mas também não reconhece que está em depressão, não se trata (é sempre mais fácil diagnosticar os outros)... mas será que toma providências para estar sempre contactável, ou se poder chegar a ele se um dia lhe acontecer alguma coisa? Sei que tem uma boa amiga que se preocupa com ele... mas será o suficiente? E ele nunca fala... acha sempre que está tudo bem e que vai ficar bem!
A minha mãe preocupa-me bastante mais, pois ela nunca diz nada!
Fala da minha avó (mãe dela)... mas ela está cada vez mais surda, fecha-se no seu escritório, sem telefone, sem ouvir a campainha, ... nada. Pior, de chave na porta - o que inviabiliza toda e qualquer assistência se um dia lhe acontecer algo, pois há que chamar bombeiros (mais tempo que se perde), médicos... família!
Devo assumir que eu também tenho esse mau hábito de ter sempre a chave na porta de casa (como talvez o tenha a maior parte das pessoas que moram sozinhas)... mas será que estou a ser idealista quando digo que ainda sou nova, ouço bem e ando sempre de telemóvel? Que nada me vai acontecer em casa?
De que serve as pessoas tomarem medidas de precaução (darem as chaves a porteiros, amigos, vizinhos... terem telefones, colocarem campainhas audíveis, etc.), se depois as inviabilizam?
Lembro-me perfeitamente do stress que é para a minha mãe ou madrinha quando a minha avó não consegue ouvir a campainha da porta e deixou o telefone noutra divisão!
Para solucionar isso, colocámos telefones em todas as divisões e uma campainha com um som bem alto no escritório, onde passa os dias. Mas a seguir, "inteligentemente", deu-se-lhe um telefone sem fios... e ela ficou só com esse e desligou os outros! Voltámos a ter mais do mesmo, pois ela esquece-se de o levar consigo!
Tinha (e têm um telemóvel)... mas são mais as vezes que não o ouve ou que se esquece do que as que o leva com ela.
Ou seja... há um problema, soluciona-se... mas depois inviabiliza-se a solução!
No caso da minha mãe é exactamente a mesma coisa (é tão verdadeira aquela expressão do "tal mãe, tal filha")!
Em vez de ter um telefone em cada divisão, tem um telefone sem fios que nunca leva com ela para onde vai... e que fica sempre esquecido numa qualquer divisão!!!
Tem um telemóvel que, quando está carregado... é mais frequente ficar esquecido num casaco ou numa mala do que andar perto dela (para não dizer... noutra divisão da casa). E se andar com ela... pode ser que se tenha sorte e ela ouça!
E não tem uma campainha audível (pelo menos por uma pessoa com problemas de audição), num apartamento em que a porta de entrada fica distante da outra ponta da casa onde ela está... de porta fechada!
Ahhhh ... e já me ia esquecendo - voltamos ao tal mãe, tal filha -, tanto a minha avó como a minha mãe têm sempre a chave na porta (o que no caso da minha mãe inviabiliza a entrada em casa).
Se aliarmos a isto anti-histamínicos, surdez, cansaço... que tipo de sentimentos pode/deve ter uma pessoa que não consiga contactar com ela(e)(s)?!
Todas estas "reflexões" são destinadas a reflectir sobre como devemos agir quando se mora sozinho - usando a minha experiência pessoal!
Se não queremos colocar em pânico os nossos familiares, vizinhos ou amigos mais próximos... ou gastar dinheiro em bombeiros, INEM ou estar a fazer perder tempo ao 112... podemos tomar algumas medidas simples (isto na minha maneira simplista de ver as coisas, assumo):
==> Se um telefone sem fios é manifestamente insuficiente (as pessoas mais distraídas esquecem-se de andar com ele) - coloquem um telefone sem fios em cada uma das divisões que costumam utilizar mais (quarto, cozinha, sala, casa de banho, ...). Hoje em dia é muito fácil ter uma rede de telefones sem fios ligada entre si.
==> Se tem um telemóvel... tentem andar sempre com ele, ou colocar no sítio da casa que mais frequentarem. Coloquem campainhas de porta a tocar nas divisões que mais utilizam, ou mais distantes da porta da entrada (no meu caso pessoal - escritório e casa de banho)
==> Nunca coloquem a chave na porta se estão em casa (pelo menos durante o dia), se a vossa porta impedir o acesso exterior quando a chave está na porta - para facilitar o acesso a família ou socorro.
==> Tenham o hábito de comunicar sempre com alguém a horas mais ou menos certas (a ausência desse contacto vai alertar as outras pessoas para a possibilidade de se passar algo). Se algum dia estiverem indisponíveis, avisem o vosso contacto com antecedência.
Se tem problemas de audição ou de memória ou se vivem sozinhos, estas são algumas coisas simples que podem ajudar a que estejam sempre contactáveis (ninguém está livre de escorregar na casa de banho, de se sentir mal, ter uma paragem digestiva, etc., etc. - e estou a bater em madeira quando digo isto, por isso não se preocupem que não estou a agoirar ninguém) e a tranquilizar aqueles que vos são próximos (muitas vezes os vossos próprios vizinhos, se tiverem a sorte de viver numa casa, prédio ou zona com uma boa vizinhança).
Todas estas pequenas coisas evitarão que passem pelo susto que passei hoje, sintam o MEDO que senti... a sensação de vazio, de perder alguém querido... quando no fundo a pessoa pode só estar... a dormir!
E se as pessoas que conhecem e que moram sozinhas não tiverem estes hábitos, ou medidas de segurança (especialmente se já tiverem uma certa idade (sim... quando estão quase a ter direito ao cartão do idoso é pior) e/ou forem casmurros ou teimosos como os meus pais e avó) - "Batam-lhes"!!! Até perceberem que escusam de assustar os outros! Pode ser que "à bruta" percebam :-)

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