A proximidade da minha nova vida a dois, o facto de ser Verão, o ter ficado a saber que uma amiga tinha começado a andar com um rapaz que conheço melhor do que gostaria, a relação que vivo e que me completa e preenche, … tudo isto me leva de novo a pensar no amor e na relação entre amor, paixão, sexo, vida a dois.
Como tal, decidi contrariar a minha tendência natural de escrever e começar a divagar sobre um tema… e tentar escrever uma série de posts sobre este assunto (sempre dá assunto para ir mantendo vivo o blog).
Não quer dizer que o consiga... mas não perco nada em tentar, certo?
Mas antes de escrever algo, e porque sei que vários elementos da família seguem atentamente (ou menos atentamente) o blog, tenho uma confissão a fazer…
Não é fácil, mas está na altura de “sair do armário”…
Como tal…
Mãe, pai, mana, tios e tias, primos e afins…sei que vai ser um choque para todos… mas a verdade é que…
Eu tenho relações sexuais! E já há muitos anos!!!
Bem… na verdade… tenho que admitir que sexo (por sexo... sem compromissos ou promessas) raramente tive… foi mais aquela versão romântica de “fazer amor”… mas a verdade é que… mesmo não tendo casado com nenhum deles… já não sou virgem (nem de signo)!!!
Lamento a desilusão, mas achei que se ia escrever sobre relações e sexo, estava na altura de ser honesta com todos.
Os anos que vivi no estrangeiro, o facto de ter a minha casa há anos, o já ter vivido com alguém… seriam sinais que já não seria tão “pura” como gostariam… mas… penso que está na altura de ser completamente honesta!!!
E "prontos"… depois de resolvido este pequeno “assunto” (foi só um toque de humor para desanuviar), falemos de coisas sérias.
Para começar, devo confessar que desde sempre tive um pé atrás em relação a sexo e ao facto de para a maioria dos homens tudo se iniciar (e muitas vezes resumir) pelo sexo.
Não sendo uma pessoa feia (apesar das minhas inseguranças que sempre me fizeram ver muito pior do que sou), digamos que possuía (e ainda possuo, com grande pena minha) os atributos físicos que fazem parte do fetiche da maioria dos homens e que me permitiam sempre estar rodeada de rapazes/homens.
E apesar de ser uma maria-rapaz assumida e ter começado a namorar muito tarde (nos dias de hoje seria considerada uma verdadeira puritana), sempre tive um pé atrás com todos os namorados, pois nunca sabia se andavam comigo por mim ou pelos meus atributos (sim, pode ser insegurança pessoal… mas… os atributos seduziam muito boa gente… ainda seduzem,…).
Então em relação a sexo… tinha os dois pés atrás.
Esta forma de pensar/estar nem era por uma questão de uma educação demasiado rígida, pois nem o foi… penso que era mesmo uma questão minha, pessoal.
Mas a realidade é que, sempre que começava a namorar com alguém, na maioria das vezes, ele(s) tentava(m) imediatamente passar à acção, e isso foi algo que sempre me intimidou (rapazes/homens demasiado ansiosos, demasiado virados para o sexo, demasiado “experientes”).
Não penso que fosse por mal ou premeditado, na maioria dos casos... eram simplesmente... homens!
Não nos iludamos, claro que não era nenhuma santa (nem sou)… e gosto tanto de sexo como qualquer pessoa normal… mas a verdade é que toda a pressão em volta do sexo sempre me fez um pouco de … como dizer… “espécie”…
Já acabei muitas relações na minha vida por causa da pressão do sexo, da ansiedade que eles demonstram com ter sexo… muito sexo… muitas vezes…. Tudo muito!
E então se tenta(va)m ter sexo antes mesmo de haver algum tipo de sentimento… é quase “todo o caminho” para levarem um par de patins e irem à vida deles, ou procurarem alguém que fosse (seja) mais ninfomaníaca que eu (tive e tenho os meus momentos, mas não é a prioridade na minha vida).
Assumo que só muito tarde tive as minhas primeiras relações sexuais... e foi depois de namorar há um ano com aquele rapaz e de ele ter demonstrado (pelo menos no meu entender) que gostava de mim por mim e não por qualquer atributo ou beleza física.
Ainda hoje sinto que quando se está numa relação e a necessidade por sexo, a todo o momento e a toda a hora supera a necessidade de carinho, de intimidade… é o sinal de que a relação está condenada ao fracasso, pois por muito que goste de sexo, gosto muito mais da relação a dois, da partilha, da intimidade.
Para mim, mais importante que adormecer depois de um treino físico na cama e, e sempre foi, o poder adormecer embalada pelos braços do homem que amo, acordar ao seu lado, saber que nos completamos… e que o sexo é um complemento indispensável dessa relação, mas não o factor determinante da mesma.
Não sei se este meu sentimento é normal… se é de ser uma incurável romântica, se é de ter “medo” e desprezar aquelas pessoas que vivem para (e criam relações baseadas no) sexo… mas a verdade é que sou assim.
O sexo não me assusta, como me chegaram a dizer, pois não assusta… nem tenho preconceitos, tabus ou regras (dentro dos limites de normalidade saudável)… mas construir uma vida e uma relação baseadas no sexo é que não me parece saudável.
O que me assusta são as pessoas demasiado "experientes" ou com demasiada experiência que vivem para e em função do sexo - e isso assumo-o!
É verdade que no período de namoro, de sedução… no início de qualquer relação… o sexo tem uma parte importante para a maioria das pessoas.
Também é verdade que quando se namora parece que o tempo nunca é suficiente para se estar a dois, que o desejo físico é muito forte e está muito presente… e que quando se vive em comunhão com a pessoa amada parece que o sexo é relegado para segundo planos, deixa de ter a mesma importância ou periodicidade, o desejo (físico) parece que esmorece.
Será isto normal?
Como reagir?
Como encontrar o equilíbrio entre o que havia no período de namoro, em que cada um vivia na sua casa e se encontravam para namorar, ter relações, sexo.. e havia tempo para tudo e um espaço para tudo…. e a vida a dois, em que de repente o sexo deixa de ser tão frequente, se passa a ir dormir abraçados sem sentir a vontade e necessidade de fazer amor?
É normal essa “paixão”, esse “fogo” que nos consome quando namoramos se ir “extinguindo” ao longo da vida em comum?
Será que a vida diária (que já existia durante o período de namoro) tem um peso tão grande que se “apodera” da vida sexual e a transforma, fazendo com que passe de um rio tempestuoso a um lago?
Qual o peso que o sexo deve ter no início da relação?
Qual a importância dele na vida a dois?
Tudo isto são questões que bailam na minha mente e que se confundem com o que pratico(pratiquei), com o que gostava de ter, com o que acredito dever ter… e com os tabus que consciente ou inconscientemente povoam a minha mente…
Como reagir? Pensar? Sentir?